Folha de Londrina

Congresso resiste em aprovar reforma da Previdênci­a neste ano

De acordo com a equipe do presidente eleito, se fossem aprovadas a reforma da Previdênci­a e a independên­cia do Banco Central, o Brasil já começaria 2019 com a perspectiv­a de crescer 3% a 3,5%.

- Folhapress

- O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe econômica travaram nesta terça-feira (6) uma queda de braço declaratór­ia com membros do Congresso sobre o prosseguim­ento da reforma da Previdênci­a. Na chegada ao Ministério da Defesa, Bolsonaro confirmou que tratará da aprovação da reforma com o presidente Michel Temer (MDB) em reunião marcada para quarta-feira (7) no Palácio do Planalto.

Ele já havia dito em entrevista­s anteriores acalentar a esperança de que algo da reforma fosse aprovado ainda neste ano, como uma leve alteração na idade mínima para aposentado­ria.

Neste terça, Bolsonaro voltou a afirmar que o importante é que saia algo, mas ele ressaltou que isso dependerá da vontade do Legislativ­o. “Tem que sair . Gostaríamo­s que saísse alguma coisa. E não é o que nós queremos ou o que a equipe econômica quer, mas o que a gente pode aprovar na Câmara ou no Senado”, afirmou o presidente eleito.

Políticos e autoridade­s se reuniram no Congresso nesta terça para celebrar os 30 anos da Constituiç­ão brasileira.

Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, afirmou que a aprovação da reforma ainda neste ano seria excelente para o País e “um belo encerramen­to para o governo Temer”. “Derrubou a inflação, aprovou o teto de gastos, a reforma trabalhist­a, , em dois anos seria um governo interessan­te”, disse após a solenidade na Câmara.

Segundo o economista, se fossem aprovadas a reforma da Previdênci­a e a independên­cia do Banco Central, o Brasil já começaria 2019 com a perspectiv­a de crescer 3% a 3,5%. “Teria tempo para trabalhar as reformas estruturan­tes”, completou Guedes.

Se a reforma enviada por Temer não for aprovada neste ano, no entanto, ele disse que caberá a Bolsonaro trabalhar com uma nova proposta no ano que vem. O economista afirmou ainda que a reforma da Previdênci­a é urgente e que o País está “bastante atrasado” em relação ao tema. “Como economista, eu sei que estamos bastante atrasados no front fiscal.”

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, também voltou a defender a reforma. Ele disse que é necessária para fazer frente ao aumento da expectativ­a de vida no País.

PÉ NO FREIO

Mais cedo, no entanto, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou ver muita dificuldad­e em o Congresso aprovar algo da reforma ainda em 2018. “A reforma tem que ser encaminhad­a pelo presidente eleito, por sua equipe, traduzindo qual o sentimento que vem das ruas”, afirmou Eunício, lembrando o curto prazo restante de atividades legislativ­as em 2018, cerca de um mês e meio.

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também é provável que a reforma da Previdênci­a seja votada apenas em 2019. Maia afirmou ainda que a fala de Eunício gera dificuldad­es adicionais para a aprovação. “Se você olhar o que se tentou com esse Parlamento e não se avançou, a probabilid­ade maior é essa, mas eu tento nesse tema ser otimista”, disse.

Maia também afirmou que a reforma poderia ser votada mesmo com a intervençã­o na segurança pública do Rio de Janeiro. A fala contradiz o texto da homenagead­a do dia, a Constituiç­ão de 1988, segundo a qual não é possível votar emendas constituci­onais, como a reforma da Previdênci­a, em períodos de intervençã­o federal.

“Acho que esse não é um problema, a intervençã­o na área de segurança, você poderia criar uma interpreta­ção de que está vedado só na segurança”, disse Maia. “É importante sabermos se a gente tem condições ou não de votar.”

O próprio filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), afirmou nesta terça ver dificuldad­es na aprovação da reforma ainda neste ano. Líder da legenda pela qual se elegeu seu pai na Câmara, ele afirmou que falta tempo para votar a proposta. “Acho difícil por causa do tempo”, disse.

Presidente do Senado afirmou ver muita dificuldad­e em aprovar algo da reforma neste ano

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Marcelo Casal Jr./Agência Brasil Paulo Guedes, futuro ministro da Economia diz que o País está “bastante atrasado” em relação ao tema: “Como economista, eu sei que estamos bastante atrasados no front fiscal”
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