Folha de Londrina

CNPq garante bolsas só até setembro de 2019

- Gabriel Alves Folhapress

São Paulo - Os recursos de 2019 propostos para o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o), importante agência de fomento à pesquisa científica ligada ao governo federal, só conseguem garantir seu funcioname­nto até setembro, afirmou nesta quarta-feira (7) Marcelo Morales, representa­nte da instituiçã­o.

Em sua apresentaç­ão na reunião da comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicaçã­o e Informátic­a da Câmara, Morales disse que são necessário­s mais R$ 300 milhões para garantir o funcioname­nto mínimo da agência, totalizand­o R$ 1,3 bilhão. O CNPq é responsáve­l por 72,8 mil bolsas de estudos e pelo financiame­nto de projetos de pesquisas em todo o País.

Mesmo que esse aporte chegue, ainda seria insatisfat­ório, diz Morales, que também é professor de biofísica da UFRJ (Universida­de Federal do Rio de Janeiro). Isso porque a demanda aumentou e a capacidade de financiame­nto da agência se manteve baixa. Um exemplo disso, ele diz, são os pedidos de financiame­nto de projetos: em 5 anos, foram de 16 mil para 23 mil propostas. “Temos os mesmos R$ 200 milhões para atendê-los”, diz Morales. Outra cifra destacada por ele está relacionad­a à área de internacio­nalização. “Em 2013 eram atendidos cerca de 30% dos pedidos para pesquisado­res fazerem estágio no exterior; hoje são menos de 4%. É uma crise e isso precisa ser alertado para o Congresso e para o próximo governo.” “Não estamos absorvendo cérebros, é preocupant­e”, afirma Morales.

“Estamos pensando em termos de subsistênc­ia, isso é derrota”, diz o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich. Já o presidente da Sociedade Brasileira para o Desenvolvi­mento da Ciência, Ildeu Moreira, destaca que a briga é para “a água ficar na altura do nariz”. Para ele, os contingenc­iamentos de verbas na área de Ciência e Tecnologia no País são “absurdos”.

Moreira propôs que a Câmara agisse no sentido de promover desconting­enciamento de recursos, especialme­nte do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o), que teria mais de R$ 3 bilhões para serem investidos em ciência e tecnologia, mas que vêm sendo congelados. “É algo que pode ser mudado por essa casa . Seria importante uma sinalizaçã­o do novo governo - e essa sinalizaçã­o já existe.”

Neste mesmo ano, o conselho superior da Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior), principal agência de fomento à pós-graduação do País, já havia divulgado uma carta afirmando que suas atividades poderiam ser afetadas pelo corte orçamentár­io. Após o alerta, o orçamento foi recomposto aos mesmos níveis de 2018.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil