IPCA de outubro é o maior para o mês desde 2015
IPCA de 0,45% em outubro, divulgado pelo IBGE, é o maior para o mês desde 2015
São Paulo - A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou outubro com alta de 0,45% ante um aumento de 0,48% em setembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi o resultado mais elevado para o mês desde 2015, quando a taxa subiu 0,82%. Como consequência, o IPCA acumulado em 12 meses aumentou de 4,53% em setembro para 4,56% em outubro, o maior resultado desde março de 2017, quando estava em 4,57%. A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 3,81%.
As despesas das famílias brasileiras com alimentação e transportes foram as que mais pesaram na inflação do mês de outubro, segundo os dados divulgados pelo IBGE. Responsáveis por uma fatia de aproximadamente 43% do IPCA, os grupos Alimentação e bebidas e Transportes saíram de altas de preços de 0,10% e 1,69%, respectivamente, em setembro, para avanços de 0,59% e 0,92% em outubro.
Os Transportes contribuíram com 0,17 ponto porcentual para a inflação, enquanto Alimentos deram mais 0,15 ponto porcentual de contribuição. Somados, os dois grupos foram responsáveis por 70% do IPCA do mês.
“Esses foram os dois grupos que mais impactaram em outubro, respondendo por cerca de dois terços do IPCA”, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do instituto.
Os demais grupos também tiveram altas de preços em outubro: Habitação (0,14%), Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,33%), Saúde e cuidados pessoais (0,27%), Despesas pessoais (0,25%), Educação (0,04%) e Comunicação (0,02%).
Gonçalves observou que o mercado de trabalho ainda não está vigoroso o suficiente para gerar uma pressão de demanda sobre a inflação medida pelo IPCA. “O nível de desemprego teve recuo no mês passado, mas ainda continua a reposição do emprego através do trabalho informal. Essas pessoas acabam não tendo a mesma segurança que as pessoas com carteira assinada têm e, por isso, ficam mais contidas ao fazer suas despesas”, argumentou.
“Lembrando que a safra agrícola do ano passado foi muito boa, ajudando a conter a taxa do IPCA do ano. Por isso, a gente está trocando taxas que eram mais baixas no ano passado por taxas mais elevadas agora”, ressaltou o gerente do IBGE.
Uma das medidas que reflete o impacto da demanda sobre os preços é a inflação de serviços, que ficou em 0,17% em outubro. Dentro do IPCA, a taxa acumulada em 12 meses pelos serviços desceu de 3,23% em setembro para 3,03% em outubro, menor patamar da série histórica iniciada em 2012.
Por outro lado, os bens e serviços monitorados pelo governo vêm pressionando o orçamento das famílias. A inflação de monitorados ficou em 0,54% em outubro, levando a taxa acumulada em 12 meses a uma alta de 9,90%.
A alta de 22,31% na gasolina resultou na maior pressão sobre o IPCA em 12 meses, um impacto de 0,90 ponto porcentual. A energia elétrica foi a segunda maior pressão sobre a inflação em 12 meses, com elevação de 16,69%, um impacto de 0,60 ponto porcentual.
Gonçalves lembra que a alta já anunciada no gás de botijão pode pressionar o IPCA de novembro, mas que o preço da gasolina nas refinarias teve redução por esses dias. A gasolina tem um peso de 4,69% no cálculo da inflação, enquanto o gás de botijão responde por 1,33% do IPCA.