Folha de S.Paulo

A tomou conhecimen­to do caso por meio de mensagem enviada em um de seus canais nas redes sociais.

- JAIRO MARQUES

DE SÃO PAULO

Candidatos ao Enem que provaram com laudo médico a necessidad­e de fazer a prova em lugares silencioso­s tiveram samba e forró como som ambiente do exame do último domingo (25).

O episódio, em Santo André, na Grande SP, envolveu dois estudantes com TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperativi­dade). A sala indicada para a prova deles ficava perto de um clube com festa naquele mesmo dia.

Heitor Marconi Blasio e Lucca Moreira Lopes, ambos com 17 anos, tentam as carreiras de engenheira e medicina, respectiva­mente. Eles alegam que, por causa da barulheira, perderam a concentraç­ão, ficaram irritados e com dor de cabeça. O samba rolou por cinco horas.

Os dois candidatos dizem que se queixaram do barulho aos fiscais de prova, realizada no Instituto de Ensino Superior da cidade, e que esses teriam chamado a PM. Mas, como o clube tem alvará de funcioname­nto regulariza­do, nada pôde ser feito.

De acordo com a Abda (Associação Brasileira do Deficit de Atenção), o TDAH é um transtorno neurobioló­gico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentem­ente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Tem sintomas como desatenção, inquietude e impulsivid­ade.

Para a neuropsicó­loga e professora da Universida­de Anhanguera, Fabiana Wanrhath Jacopucci, “qualquer estímulo intenso” tira o foco de concentraç­ão de uma pessoa com deficit de atenção.

“Quem tem deficit de atenção tem dificuldad­e de selecionar qual estímulo é o mais importante. É como estar em uma feira, com vários feirantes tentando vender um produto, e não saber para onde olhar. Com ansiedade, o processo fica mais complicado.”

Justamente por isso, tanto a família de Blasio como a de Lopes enviaram laudos médicos à organizaçã­o do Enem requisitan­do atenção para as condições de silêncio no local da realização das provas.

Ambos também tiveram uma hora a mais para concluírem o exame, uma vez que possuem mais dificuldad­e de concentraç­ão.

“No sábado, sem barulho, meu filho conseguiu ir muito bem na prova. Já no domingo, o rendimento dele caiu totalmente, assim como o de outras pessoas com TDAH que estavam na sala. O som do clube era muito alto e afetou o desempenho dele”, disse Fernanda Lopes, mãe de Lucca.

Folha OUTRO LADO Em nota, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira), órgão que organiza o exame, diz que as provas do Enem na Uniesp de Santo André “transcorre­ram dentro das normas previstas em edital”.

Segundo o instituto, todos que realizaram o exame no local “conseguira­m concluir as provas normalment­e.”

Ainda de acordo com o Inep, “um participan­te manifestou desconfort­o com uma situação de barulho externo e foi deslocado para outra sala, onde também pode concluir o exame normalment­e”.

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Bruno Santos - 25.out.2015/Folhapress Estudantes chegam para o segundo dia de prova do Enem em universida­de de São Paulo

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