Folha de S.Paulo

Roubos crescem e homicídios caem em SP

Estado teve 6% mais roubos na comparação entre o primeiro semestre deste ano e o de 2015; na capital, alta foi de 2%

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Número de vítimas de homicídios dolosos caiu 12% no Estado e 21% na capital, de acordo com balanço do governo

Os roubos no Estado de São Paulo aumentaram 6% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Enquanto isso, o número de vítimas de homicídio doloso caiu 12% nos primeiros seis meses do ano em relação ao primeiro semestre de 2015 e atingiu o menor patamar desde o início da série histórica, em 2001. A tendência é a mesma na capital paulista.

Os dados fazem parte das estatístic­as criminais mensais divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública nesta segunda-feira (25).

No total, houve 160,7 mil casos de roubos no Estado de SP de janeiro a junho em 2016, contra 152,2 mil no primeiro semestre de 2015.

Para o secretário da Segurança de São Paulo, Mágino Alves, o aumento é reflexo da má situação da economia. “O agravament­o da crise econômica mostra uma elevação de crimes patrimonia­is”, disse. “Nós já estamos programand­o várias ações, e aí a gente tem certeza de que você vai ter um impacto negativo [diminuição] nesse número.”

Para o especialis­ta em segurança pública Guaracy Mingardi, a hipótese não se confirma no curto prazo em relação aos roubos.

“Pode ter alguma influência, mas não explica. Um sujeito que tem 30 anos e está sem emprego, passou a vida trabalhand­o, não muda a atitude assim, não começa a roubar. Só se fosse em um prazo maior, de cinco a dez anos.”

Ele diz que, se houver alguma influência, pode ser no número de furtos (que cresceram 4% no Estado e 2% na capital), mas não de roubos.

Mingardi levanta duas hipóteses para a alta dos crimes. “Há mais armas circulando, e a arma que o sujeito guarda em casa, mais dia menos dia, acaba caindo na mão do bandido. Além disso, tem o exemplo do PCC [Primeiro Comando da Capital], que influencia a meninada, que diz que o crime compensa, sim.”

O advogado criminal José Carlos Abissamra Filho concorda com a avaliação de Mingardi. “Atribuo o aumento de roubos a uma política de segurança pública mal conduzida”, diz ele, que acredita ser um equívoco manter jovens réus primários em presídios.

“Jovens primários devem receber liberdade provisória de maneira rápida, porque você diminui o contato dele com a criminalid­ade mais velha e mais experiente”, afirma. “Deve-se investigar mais em vez de só prender.”

HOMICÍDIOS

Em relação aos homicídios dolosos, o número de vítimas chegou a 1.785 no Estado no primeiro semestre, redução de 12% na comparação com 2015. A queda no número de vítimas tem sido frequente —esse é o menor índice desde 2001, chegando a uma taxa de 8,56 vítimas por 100 mil habitantes. A queda é similar à de casos de homicídio doloso, de 11%.

Mingardi questiona a ideia de que o recuo se deve à ação do PCC, mais do que à da polícia —rechaçada também pela secretaria. Segundo ele, a hipótese pode fazer sentido a partir de 2005, “mas os homicídios caem desde 2001, quando o PCC não tinha força”.

“A faixa etária das pessoas que matam e morrem, dos 18 aos 35 anos, encolheu. Isso pode ter também uma influência. Mas nenhum desses fatores é decisivo para explicar a queda dos números”, afirma.

Na capital, número de vítimas de homicídio doloso caiu 21% no primeiro semestre deste ano em relação ao ano passado. Essa também foi a menor taxa da série histórica: 8,07 pessoas mortas por 100 mil habitantes. O número de casos diminuiu 18%.

Já os roubos cresceram 2% no semestre na cidade, atingindo 78 mil casos.

Os casos de estupro vêm crescendo. No Estado a alta foi de 4,5% no semestre. Na comparação entre os meses de junho de 2015 e 2016, porém, o aumento chega a 19%. Na capital, o cresciment­o foi de 2% no primeiro semestre, e de 14% na comparação entre junho de 2015 e de 2016.

THIAGO AMÂNCIO DE SÃO PAULO

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