Folha de S.Paulo

Em depoimento à PF, Palocci nega ser o ‘italiano’

- ESTELITA HASS CARAZZAI

Num depoimento de quatro horas à Polícia Federal, nesta quinta-feira (29), o exministro da Fazenda Antonio Palocci negou envolvimen­to com corrupção e disse não ser o “italiano” procurado pelos policiais.

Preso na segunda (26) pela Operação Lava Jato, Palocci é suspeito de receber pro- pinas da Odebrecht em troca de atender demandas da empresa no governo federal.

O advogado do ex-ministro, José Roberto Batochio, apresentou dois argumentos para refutar a tese da polícia.

O primeiro é que, segundo ele, em um dos e-mails, Odebrecht se refere a Itália como uma mulher.

“A mensagem diz: ‘Estive com Itália. Ela saiu da reunião e voltou’”, disse Batochio.

A Folha encontrou um e-mail nos autos com a frase “No final da reunião, ‘Itália’ saiu comigo (e voltou depois)”. Porém, não há menção a “ela” na sequência. A reportagem não conseguiu confirmar com Batochio se era esse e-mail de que falava.

E-mails que a PF usou para justificar a prisão de Palocci usam o pronome masculino para se referir ao “italiano”.

O outro argumento da defesa foi que Palocci, quando era deputado, votou contra a conversão em lei da Medida Provisória 460, que concederia créditos tributário­s a grandes empreiteir­as como a Odebrecht — a Folha confirmou a informação com a Câmara.

A polícia alega que o exministro teria atuado a favor da empresa no caso e até prometido compensaçõ­es depois que a MP foi vetada pelo ex-presidente Lula.

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