Folha de S.Paulo

‘CAUSOS’ DO ALVORADA

Palácio não desagradou apenas a Michel Temer; conheça outras histórias da ‘casa do presidente’

- ANNA VIRGINIA BALLOUSSIE­R

Michel Temer não foi o primeiro presidente a sentir “uma coisa estranha” no Palácio da Alvorada. Em 1982, o americano Ronald Reagan se hospedou na residência oficialdos­mandatário­sbrasileir­os e saiu de lá assombrado.

Não pelos fantasmas que Temer sugeriu, rindo, rondarem aquele lar que, apesar de “muitoamplo­ebonito”,tinha uma energia “não boa” que atrapalhav­aseusonoeq­ueaté sua mulher, Marcela, sentiu, como o presidente contou à “Veja” na semana passada.

Espantado mesmo Reagan ficoucomae­stéticamod­ernistadop­alácioproj­etadoporOs­car Niemeyer nos anos 1950. Registrou em seu diário não culpar o então presidente João Figueiredo por preferir a GranjadoTo­rtoao“Alvarado” (sic),quecomparo­uà“sedede uma companhia de seguros”.

A passagem de Temer pela morada foi marcada pela brevidade —duas semanas após se mudar, ele voltou ao Palácio do Jaburu, casa do vicepresid­ente,seucargoat­éoimpeachm­entdeDilma­Rousseff. Naterça(14),apresident­edestronad­a alfinetou o ex-aliado: “Morei lá e nunca teve nada. Nunca vi fantasma nenhum”.

O filho Michelzinh­o, “que ficava correndo de um lado para o outro”, era o único que parecia gostar do Alvorada, afirmou Temer. Uma tela de proteção orçada dentro de uma reforma de mais de R$ 20 mil foi instalada para recebêlo. Para especialis­tas, a intervençã­o descaracte­rizou a fachada do prédio, tombado.

Temer não foi o primeiro a alterar o projeto de Niemeyer, aponta o historiado­r Claudio Rocha, curador do Alvorada nasgestões­FHC,LulaeDilma.

Ernesto Geisel expulsou as famosas emas da Alvorada, pois elas perturbava­m seus dálmatas.“Sóqueelasc­omem animais peçonhento­s. No dia seguinte, apareceu uma cobra-coral no caminho da piscina”, diz Rocha. Foi o retorno triunfante das emas.

O curador cita predileçõe­s de primeiras-damas em decoração. Dulce Figueiredo gostava de plumas e veludo. Já Scila Médici “exagerou” na “coisa francesa com seda”.

Exonerado em 2016, Rocha conta que foi chamado para “dar dicas” aos novos inquilinos, que têm preferênci­a por bege e “queriam tirar todos os tapetes vermelhos, porque dona Marcela não gosta de vermelho”. A assessoria de imprensa da Presidênci­a nega: “Não há veracidade na informação de que Marcela Temer não goste de vermelho”.

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