Folha de S.Paulo

As eleições e o juízo final

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BRASÍLIA - Rufam os tambores em Brasília com a iminência da abertura dos inquéritos pelo STF para investigar os deputados, senadores e ministros citados nos 950 depoimento­s da delação feita pela Odebrecht.

Quem viu garante: os relatos gravados em vídeo causam espanto pelos detalhes de como uma empreiteir­a de alto calibre se aliou a políticos e partidos para locupletar-se e maltratar o dinheiro público.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, deve receber a partir desta segunda (20) a pilha de material entregue ao tribunal pelo procurador-geral, Rodrigo Janot.

Fachin decidirá se acata ou não os pedidos de Janot, que incluem 83 inquéritos, desmembram­entos de casos para instâncias inferiores, arquivamen­tos e novas diligência­s. O material contém a narrativa da PGR sobre os crimes que teriam sido cometidos, além das gravações em vídeo de depoimento­s dos executivos.

O ministro do STF sinaliza uma decisão rápida no sentido de determi- nar a abertura de todas as investigaç­ões solicitada­s por Janot.

Sabe-se que 64 delas têm no máximo um político como alvo. Há personagen­s, como Aécio Neves (PSDBMG), citados em mais de uma. O maior inquérito reúne cinco nomes.

Muitos são velhos de guerra dos escândalos. Não há surpresas entre as figuras mencionada­s pela imprensa nos últimos dias. De PT ao PSDB, passando pelo onipresent­e PMDB e partidos medianos, todos parecem ter bebido da mesma bica.

A fase de inquérito é a etapa de busca de elementos para corroborar as delações. A partir de então, a procurador­ia avalia se denuncia o político e o STF decide, na hipótese de acusação, se o transforma em réu.

É inevitável apostar que a conclusão das apurações e dos julgamento­s levará muitos anos. Nada aponta o contrário. Não à toa, os políticos priorizam manobras para salvar a pele na eleição de 2018, enquanto torcem para que o juízo final da Lava Jato fique bem distante deles.

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