Os mercados lá fora questionarão e exigirão os esclarecimentos, mas acredito que
Folha - Há risco de enfrentarmos um problema de segurança alimentar?
Francisco Sérgio Turra - Não. Ao contrário, o Brasil está preparado para ser uma reserva de alimentos para o mundo. Estamos nos capacitando cada vez mais. A operação colocou em dúvida a qualidade da carne produzida no Brasil. Como o setor planeja reagir?
O que tem de haver é um forte esclarecimento à população. Temos 99,5% do setor absolutamente em dia, oferecendo produtos saudáveis, dentro do padrão de conformidade aqui e lá fora. Nem 0,5% tem falhas.
As falhas detectadas pela operação precisam ser abolidas, os agentes envolvidos, punidos. Não é toda uma marca que está em jogo, não é toda uma empresa que está em jogo. São exceções pontuais envolvendo algumas marcas.
Não dá para a gente generalizar e vender a imagem de que tudo é ruim, de que tudo é corrupto, corrompido e corruptível. Para abrir mercado lá fora, a média tem sido de quase dez anos de luta. A maior injustiça do mundo é jogar na lata do lixo todo esse trabalho, denegrindo o esforço de muitos durante décadas. A Polícia Federal identificou empresas oferecendo vantagens para afrouxar a fiscalização. Temos um problema no sistema de controle do país?
Há agentes do Ministério da Agricultura cumprindo seu dever e eles são a absoluta maioria. A imagem do Brasil, da proteína brasileira, é impecável lá fora. Temos 36% de toda a exportação mundial de frango. Exportamos carne suína para vários países.
Somos os maiores exportadores de carne bovina. É um absurdo nivelar tudo, generalizar, vender a ideia de que no Brasil nada presta, de que tudo é podridão, é errado, nada está na conformidade da lei. Quando é justamente ao contrário: somos o país que tem a melhor biosseguridade. O que dá a certeza de que o sistema de inspeção funciona?
Além da proteção da nossa inspeção, somos submetidos à inspeção de vários outros técnicos de países importadores que vêm vistoriar o país continuamente. Esses acontecimentos atuais nos farão aprimorar ainda mais o nosso sistema de vigilância. O senhor acredita que o estrago já tenha sido feito diante da repercussão da operação?