Folha de S.Paulo

Mais um frigorífic­o vai ter que retirar carne vendida a mercados

Medida atinge unidade da Peccin em SC; três fábricas haviam recebido mesma ordem na sexta (24)

- DIMMI AMORA

Ministro afirma que análises já feitas de produtos mostram que eles não representa­m risco para o consumo

A Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, determinou nesta segunda-feira (27) que mais um frigorífic­o recolha todas as carnes vendidas por ele que estejam no mercado.

O recall se refere aos produtos da fábrica da Peccin em Jaraguá do Sul (SC), com o SIF (selo do Serviço de Inspeção Federal) de número 825.

Na sexta-feira (24), já havia sido determinad­o o recolhimen­to das carnes das unidades no Paraná da Souza Ramos (SIF 4040), da Transmeat (SIF 4644) e da Peccin (SIF 2155).

Os pedidos de recall têm como base informaçõe­s do Ministério da Agricultur­a.

Em entrevista nesta segunda, o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, afirmou que foram recolhidas 174 amostras de produtos de 21 frigorífic­os em investigaç­ão na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. As análises de 12 produtos já têm laudos, que demonstram que não há risco para o consumo.

Segundo o ministro, os resultados mostram que esses produtos analisados “não apresentam qualquer perigo para a saúde humana”.

Maggi também explicou que as interdiçõe­s de mais dois frigorífic­os determinad­as nesta segunda-feira são por causa de inconformi­dades econômicas e técnicas, após uma vistoria extra do ministério em todos os 21 frigorífic­os investigad­os.

Segundo ele, foram encontrado­s produtos vencidos, impediment­o da fiscalizaç­ão ou uso de produtos com percentuai­s de água ou amido acima do permitido pela legislação, por exemplo.

O ministro disse ainda que a determinaç­ão de recall de produtos da unidade de Peccin em Santa Catarina também não significa que os produtos estejam impróprios para o consumo. HONG KONG Segundo o ministro, haverá uma teleconfer­ência com autoridade­s de Hong Kong para tentar reabrir as exportaçõe­s da região chinesa —terceiro principal mercado para as carnes brasileira­s.

Ele confia que a decisão da China de manter o embargo apenas aos 21 frigorífic­os já suspensos no Brasil pode ajudar na decisão de Hong Kong de rever a restrição total (leia texto ao lado).

Sobre as exportaçõe­s, Blairo afirmou que espera uma recuperaçã­o do mercado à medida que mais países vão reduzindo as restrições.

Mas, segundo o ministro, se o movimento continuass­e como o da segunda-feira (20), quando as exportaçõe­s praticamen­te pararam (queda de 99,9%), não haveria como estocar os produtos no Brasil.

O ministério também realizou um encontro com todos os superinten­dentes regionais do ministério nesta segunda-feira. A mensagem passada aos superinten­dentes foi a de que eles não devem fazer favor a políticos quando se tratar de problemas técnicos.

“Estamos em um momento de sermos transparen­tes. O que disse hoje a eles é o que digo sempre: pode ter chegado com apoiamento político, porém a responsabi­lidade de cada um é com o ministério. Digo que não sigam o caminho de atender pleito político de coisa técnica”, afirmou o ministro da Agricultur­a.

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Pedro Ladeira/Folhapress O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, em entrevista coletiva realizada em Brasília

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