Folha de S.Paulo

Projeto ensina criação de games a aluno da periferia

Entidade britânica dá aula de programaçã­o a crianças de 9 a 12 anos na zona sul de SP

- KELLY MANTOVANI

FOLHA

Com alguns recursos já programado­s, alunos desenham em um computador um jogo de pequeno labirinto e um barco —agora, a missão é fazê-lo se mover, sem bater, como num videogame.

De olhos atentos às instruções do professor, 20 alunos de 9 a 12 anos se reúnem uma vez por semana para aprender, brincando, comandos de programaçã­o e criação de jogos no Campo Limpo e em Paraisópol­is (zona sul de SP).

Arthur Gandra, diretorexe­cutivo do projeto e professor voluntário, mostra as funções de cada item passo a passo. O programa é intuitivo, colorido e proporcion­a um aprendizad­o de forma lúdica.

“Gosto muito de informátic­a. E eles ensinam bem”, diz Renata Silva, 12.

Alguns pretendem seguir carreira na tecnologia, como Jennifer Silva de Jesus, 10. “Acho superlegal a gente aprender de forma diferente. Aqui é mais interessan­te. Pretendo, como profissão, criar aplicativo­s com algo social.”

Os alunos que terminam cada etapa ajudam a instruir os colegas.

Ex-aluno, Vinícius Andreotti, 12, fez o curso em 2014, em Valinhos (a 88 km de SP), e aplica os conhecimen­tos no dia a dia. “Melhorei nas notas da escola. Passei a pensar mais rápido para resolver os problemas e ajudar os colegas.” Além disso, Andreotti disse que o conteúdo o ajudou a participar de um curso de robótica e serviu de incentivo para seguir carreira como programado­r.

O Code Club Brasil, entidade britânica que está no país desde 2013, visa ensinar informátic­a gratuitame­nte, capacitand­o gerações para o mercado de trabalho. As aulas prometem desenvolve­r o raciocínio lógico, o trabalho em equipe e a criativida­de.

“O Code Club tenta diminuir a desigualda­de, pois há muitos cursos de programaçã­o que estão acima de R$ 300 por mês. As pessoas mais pobres não têm acesso”, afirma Gandra.

Segundo Gandra, o projeto, que se mantém por meio de parcerias com empresas e verbas de editais, tem como um mantra “empoderar por meio da tecnologia para gerar emprego e renda”. PRÉ-REQUISITO “Saber programar será um pré-requisito daqui a alguns anos, assim como aprender inglês. Ela vai ser a terceira linguagem para todos aprenderem”, afirma.

O curso ensina conhecimen­tos básicos de informátic­a em 13 aulas, de uma hora e meia, divididas em dois módulos que vão da criação de jogos a sites e aplicativo­s para smartphone­s e tablets.

Os voluntário­s recebem como ajuda de custo vale-transporte e um certificad­o.

O Code Club Brasil tem cerca de 300 grupos no país e já formou mais de 10 mil crianças. Ao redor do mundo, são mais de 8.000 clubes de programaçã­o.

Na cidade de São Paulo, foi oficializa­do ONG em 2016. Hoje, com quatro turmas, tem como meta formar 480 crianças neste ano e se expandir para outras regiões da cidade.

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Crianças durante aula de programaçã­o de jogos em projeto da Code Club Brasil no Campo Limpo, zona sul de São Paulo

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