Projeto Brasil Nação
Sob o governo golpista, o país retrocedeu anos. A meta dos mandantes parece ser voltar à República Velha, destruir nossas conquistas sociais
O que há em comum entre o massacre de Colniza (MT), o fim da CLT, o esquartejamento da Petrobras e a reforma da Previdência? Existe ligação entre o desemprego alarmante, o sufocamento da indústria e a estratosférica taxa de juros?
E qual a conexão entre as centenas de jovens negros e pobres mortos pela PM paulista, o fim de programas científicos e culturais e o aniquilamento da Constituição de 1988?
Os dados fragmentados do noticiário remetem para o contexto maior de uma realidade aflitiva: a destruição do país e a violência contra os mais fracos e pobres. É a sanha para desmantelar o Estado, atacar direitos, beneficiar rentistas e enxovalhar a soberania que está no pano de fundo da torrente de retrocessos civilizatórios, assaltos a direitos e sequestros da democracia e da autonomia nacional.
Passado um ano do início do processo de impeachment, o país está bem pior. Sob o governo golpista, retrocedeu anos. A meta dos mandantes parece ser voltar à República Velha, destroçando conquistas sociais e submetendo abertamente o país a interesses externos. É possível que, no futuro, crimes de lesapátria possam ser julgados, jogando no lixo os atos da súcia.
Aturdida, a população assistiu à avalanche de prepotência, arrogância e desrespeito. Agora, começa a reagir com mais força. Sindicatos e movimentos sociais atuam de for- ma mais ativa e suas mobilizações repercutem na sociedade.
A greve geral, marcada para esta sexta (28/4), promete ser um repúdio vigoroso ao amontoado de sandices em maquinação pelo governo antinacional e antipopular. Há mais.
A igreja católica saiu do silêncio e passou a se manifestar contra os ataques a direitos. Padres fazem convocações para as mobilizações de protesto. Ecoam, finalmente, os repetidos alertas do papa Francisco.
O empresariado está desapontado com as ações do governo ilegítimo. De um lado, há desilusão com as promessas róseas de recuperação. De outro, há frustração pelos sucessivos golpes para as empresas nacionais, que só vislumbram encolhimento de mercados, aqui e no exterior. Simplesmente o golpe não surtiu o efeito esperado por certa elite.
No Congresso, as manobras são cada vez mais custosas, e a chamada base aliada se esfarela. Do exterior, vozes expressam crítica ao golpe que feriu a democracia brasileira e ameaça o processo eleitoral do ano que vem. O capitalismo financeiro, entrando no seu décimo ano de crise profunda, desgosta da vontade po- pular e esfrangalha as sociedades.
Nesse quadro, intelectuais, artistas, empresários, profissionais liberais, cientistas, sindicalistas e lideranças de movimentos sociais decidiram falar. Lançam nesta quinta (27) o manifesto do Projeto Brasil Nação.
O texto, criação coletiva de dezenas de pessoas de diferentes matizes, afirma que o atual desmonte do país “só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento”.
O grupo, apartidário, aponta que o ataque em curso foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Com isso, contrariou interesses poderosos do Norte.
O documento recupera os objetivos gerais que cimentam a sociedade brasileira: democracia, soberania, diminuição da desigualdade, desenvolvimento, proteção ao ambiente. Esboça propostas econômicas e conclama ao debate para a formulação de um projeto de nação com autonomia e inclusão.
É hora de reflexão e ação. Hoje, às 18h, no largo do São Francisco, o Projeto Brasil Nação está sendo colocado na rua. Saiba mais em www.bresserpereira.org.br ELEONORA DE LUCENA,
Folha
Nós concordamos, sim, com uma reforma trabalhista, mas ela exige um amplo debate com a sociedade. Não pode haver atropelos. A negociação direta entre patrão e empregado sem a participação do sindicato facilita a supressão dos direitos trabalhistas.
ROGÉRIO FERNANDES, de Saúde de MG (Belo Horizonte, MG)
Charge Difícil achar graça na charge de Hubert (“Opinião”, 26/4). A meu ver, a insistência em explorar a deficiência de Lula em sátiras caracteriza bullying. Deixem o “dedo” de Lula em paz!
MARIA INÊS PRADO
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Imagine se todos os políticos que trabalharam incansavelmente para a Odebrecht tivessem feito o mesmo pelo povo brasileiro. Teríamos um país mais próspero, com menos desigualdade. Mas quem se importa com isso, não é mesmo?
RICARDO C. SIQUEIRA