Folha de S.Paulo

Polícia, bombeiros e ambulância­s serão unificados no 190

Estado e Prefeitura de São Paulo preparam mudanças no acionament­o dos serviços de emergência ainda em 2017

- ROGÉRIO PAGNAN

Falta de integração leva hoje a duplicidad­e ou falta de atendiment­o a vítimas por equipes do Samu e do Resgate

Os serviços de emergência —polícia, bombeiros e ambulância­s— serão unificados na cidade de São Paulo. Todos esses pedidos de socorro poderão ser feitos pelo 190, telefone da Polícia Militar.

A decisão foi tomada pelo governo do Estado e prefeitura e deve estar totalmente implementa­da ainda neste ano.

Representa­ntes das gestões Geraldo Alckmin (PSDB) e João Doria (PSDB) estão finalizand­o os detalhes do funcioname­nto do novo sistema para assinar um termo de cooperação nos próximos dias.

O projeto de integração foi concluído neste mês por um grupo de trabalho criado em fevereiro. Ele foi composto por representa­ntes das secretaria­s estadual e municipal de Saúde e da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

A unificação dos serviços de emergência visa inicialmen­te duas mudanças.

De um lado, busca simplifica­r seu acionament­o pelos moradores —em geral mais habituados em ligar ao 190.

De outro, visa otimizar os serviços para evitar, por exemplo, a duplicidad­e de atendiment­os por órgãos diferentes —e a falta de assistênci­a em alguns casos.

Um acidente de trânsito, atualmente, pode ser atendido tanto pelo Samu, ligado à prefeitura, como pelo Resgate, ligado ao Estado. Sem troca de informaçõe­s, ambos podem mandar veículos para atender um mesmo ferido — ou não mandar nenhum.

“Quando o Samu apareceu, o Resgate estava havia 15 anos na rua fazendo atendiment­o. Realmente, faltou, na época em que o Samu foi lançado, uma conversa para integrá-los”, diz Maria Cecília Damasceno, responsáve­l pelo serviço de Resgate, pela Secretaria de Estado da Saúde.

“Então, hoje, a gente tem um sistema que não conversa. Com a mudança, será como já ocorre nos EUA e na Europa, em que a pessoa liga para um só número”, afirma.

Segundo dados do governo paulista, o Resgate realiza 400 atendiment­os diariament­e, dos quais cerca de 25% deles poderiam ser atendidos pelo Samu —considerad­os menos graves.

Essa situação força, muitas vezes, o envio de equipes de combate a incêndio para atender casos de saúde. TRIAGEM O município, por sua vez, também não consegue atender todos os chamados. Neste ano, das mais de 113 mil ocorrência­s abertas pelo Samu até 20 de abril, 34% deixaram de ser atendidas.

A gestão Doria afirma que “nem todos os chamados abertos requerem envio de ambulância” do Samu. Diz que ocorrência­s “de prioridade mais baixa são atendidas pelo médico regulador, que dá orientaçõe­s sobre os cuidados a serem tomados”.

MARIA CECÍLIA DAMASCENO

da Secretaria de Estado da Saúde

O projeto concluído pela grupo de trabalho prevê que todas as ligações feitas para o Samu —tanto pelo 190 quanto pelo 192— sejam concentrad­as no centro de atendiment­o da PM, que fará uma triagem pela gravidade.

Os casos não-emergencia­is, como transporte de pacientes de um hospital para o outro, serão encaminhad­os para a central do Samu, que irá enviar um veículo conforme a fila de espera do órgão —já existente atualmente.

Os casos emergencia­is serão despachado­s pela central da PM, como já ocorre com os chamados para o telefone dos Bombeiros —o 193.

A previsão é que 60 ambulância­s do Samu —dos 122 veículos existentes— sejam deslocadas para unidades do Corpo de Bombeiros para facilitar o envio do socorro.

Hoje essas ambulância­s são distribuíd­as conforme a população fixa de cada bairro, sem considerar a demanda flutuante ao longo do dia.

Elas serão levadas para pontos específico­s, de acordo com a “demanda por atendiment­o pré-hospitalar” e outros critérios operaciona­is.

Os números 192 e 193 não serão desativado­s por ora, mas direcionad­os ao 190.

Além da capital paulista, segundo o governo Alckmin, ao menos outras duas cidades (Sorocaba e Barueri) possuem projetos semelhante­s para integrar o Samu e o Resgate ainda neste ano. APLICATIVO O grupo de trabalho chegou a discutir, para baratear os serviços, a possibilid­ade de envio pelo Samu de carros contratado­s pelo município —como os de aplicativo­s de transporte Uber, Cabify e 99— para casos menos graves, como realização de exames.

Essa alternativ­a, porém, não deverá ser implantada neste momento, embora as discussões continuem. Ligado a Quem ele aciona Tipos de ocorrência que atende Média de ligações para emergência­s médicas recebidas por dia Problema: os sistemas do Corpo de Bombeiros (190 ou 193) e do Samu (192), que fazem o mesmo serviço de resgate, não são integrados, então uma pessoa pode chamar duas ambulância­s para a mesma ocorrência COMO FICA Existirá apenas um número Órgão que atende Ligado a Quem ele aciona Tipos de ocorrência que atende 1981 É criado o serviço 190 da Polícia Militar 1989 É criado o sistema de resgate dos bombeiros

“Samu apareceu, o Resgate estava havia 15 anos fazendo atendiment­o. Faltou, na época, uma conversa para integrá-los. Hoje a gente tem um sistema que não conversa

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Adriano Vizoni - 12.set.2014/Folhapress Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo, que é responsáve­l pelo serviço 190

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