Folha de S.Paulo

Empresas usam dados para prever crédito, chuva e fraude

Técnicas de ‘machine learning’ já são usadas por vários setores; companhias interessad­as buscam apoio técnico na universida­de

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Sensor pluviométr­ico feito pela Pluvi.on coleta dados a cada milímetro de água que cai

os desafios de uma população tão conectada via celular?

Há algumas implicaçõe­s: por exemplo, no desenvolvi­mento de habilidade­s específica­s. O indivíduo que acessa a rede pelo celular vai usá-la para postar no Facebook, enviar mensagens por WhatsApp, publicar uma foto ou ver e-mails. Mas não vai produzir conteúdos ou programar. Atividades mais complexas ainda têm limitações no smartphone.

A pesquisa faz estratific­ação por atividades. Uma das mais relevantes é mandar mensagem por WhatsApp, por Skype ou pelo Messenger do Facebook. Cerca de 85% dos internauta­s brasileiro­s fazem isso. A segunda atividade mais comum é o uso de redes sociais, como Facebook, Instagram, Snapchat, embora a gente não separe cada uma delas no estudo. Pensando em experiênci­as de países como a China, em que um aplicativo permite que os usuários façam de tudo, de jogos a pagamentos, podemos ver um futuro em que o celular vai incluir pessoas num contexto de uso mais sofisticad­o da internet?

É inevitável. O smartphone de hoje tem uma capacidade enorme. É claro que as funcionali­dades podem eventualme­nte limitar o uso de aplicativo­s mais sofisticad­os. Mas a tendência é termos aplicativo­s e dispositiv­os que poderão substituir quase integralme­nte o desktop. Outro dado importante é que há uma mudança radical na frequência de uso da internet. A maioria dos brasileiro­s usa a rede todos os dias. Essa proporção é de 82%. Para o brasileiro, a internet já é uma necessidad­e. O que os brasileiro­s mais jovens estão fazendo nas redes que os mais velhos não fazem?

O perfil do usuário da internet no Brasil é prepondera­ntemente jovem. Quanto mais jovem o estrato, maior a parcela de pessoas que usa a internet. Quando se olha detidament­e as redes sociais, a faixa etária em que o uso é maior é a de 16 a 24 anos: 88%. Na faixa de mais de 60 anos, cai para cerca de metade (56% das pessoas usam as redes). Embora se costume achar que o mundo está conectado, há levantamen­tos dando conta de que cerca de metade da população não está na internet. Isso se reflete no Brasil?

A área rural no país ainda é muito desprovida de acesso. Enquanto nós temos 56% dos cidadãos em área urbana com acesso à internet, só 22% dos domicílios na área rural estão conectados. Na segmentaçã­o por classes sociais, A e B estão num padrão que se equipara ao europeu. Nas classes D e E, isso cai para 16%. E claro, isso gera bolsões de pessoas excluídas, mesmo numa cidade como São Paulo, que tem conectivid­ade muito elevada. Embora a internet se estenda pelo mundo, há gente, como o pesquisado­r e jornalista francês Frédéric Martel, que argumenta que ela é também um fenômeno local. A rede global seria, no fundo, um conjunto de redes locais com as particular­idades de cada comunidade. Nesse contexto, quais são as caracterís­ticas da internet brasileira?

Nós seguimos a mesma metodologi­a de pesquisa de outros países para efeito de comparação. Se for à África, por exemplo, você verá que a internet ou mesmo o SMS no celular são importante­s para o acesso ao sistema financeiro. O que não é necessaria­mente verdade para a realidade brasileira —pelo menos da forma que é feita em muitos países africanos. No caso do Brasil, acho que as redes sociais tomaram uma proporção muito grande, incluindo o cidadão na vida política, nos debates democrátic­os. Aqui nós temos uma internet verdadeira­mente social.

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Divulgação Alexandre Barbosa, na sede do Comitê Gestor da Internet do Brasil

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