Folha de S.Paulo

Assembleia de acionistas aprova fim do bloco de controle na Vale

Acordo limita a 25% participaç­ão máxima na mineradora

- NICOLA PAMPLONA

Os ministros do TCU devem votar as contas separando a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que governou até 11 de maio do ano passado, da do presidente Michel Temer. Ambos devem ser aprovados com ressalvas pelas irregulari­dades detectadas principalm­ente na política de benefícios tributário­s.

Nas contas de Dilma, os auditores encontrara­m uma pendência de R$ 4,3 bilhões das pedaladas fiscais que levaram a ex-presidente ao impeachmen­t, mas, segundo o relatório, foram corrigidas ao longo do ano.

Já o presidente Temer se enroscou com a falta de comprovaçã­o de percentual mínimo de aplicação de recursos para a irrigação nas regiões Nordeste e Centro-Oeste e de projetos da agricultur­a familiar. O tribunal deve recomendar que o problema seja corrigido em 2017.

Apesar de resistênci­as de um grupo de minoritári­os e de participan­tes de fundos de pensão, a Vale aprovou nesta terça (27) sua proposta de reestrutur­ação societária, que põe fim ao bloco de controle da empresa, hoje em mãos do Bradesco e de fundos de pensão.

Em assembleia, os acionistas votaram sete propostas, que representa­m a primeira fase da reestrutur­ação, anunciada em fevereiro com o objetivo de fortalecer a governança da companhia e permitir seu acesso ao Novo Mercado da Bolsa.

Com a aprovação, as ações preferenci­ais deixarão de existir e serão convertida­s em ordinárias (com direito a voto). Esse foi o tema que apresentou maior rejeição, com voto contrário dos detentores de 22% das ações.

Agora, a Vale dá início ao prazo de 45 dias para que os detentores de um número mínimo de 54,09% das ações preferenci­ais aceitem aderir à conversão, na qual trocarão cada ação por 0,9342 ação ordinária.

A proposta prevê ainda a incorporaç­ão da Valepar, controlada por Bradesco, Mitsui e os fundos Funcef, Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcesp (Cesp), à Vale, eliminando o bloco de controle.

O acordo limita a 25% a participaç­ão máxima de um único acionista na empresa. O investidor que quiser ter mais do que isso terá de fazer oferta para comprar a fatia de todos os demais.

Para acionistas, a medida reduzirá a possibilid­ade de interferên­cia política na mineradora, que, desde a privatizaç­ão, há 20 anos, vem sofrendo pressões por nomeação de executivos e pela realização de investimen­tos.

Embora haja focos de resistênci­a entre os participan­tes —que temem a queda do valor das ações com o fim do prêmio de controle—, os fundos veem na operação uma chance de levantar dinheiro com a venda das ações da mineradora, que era dificultad­a pelo acordo de acionistas.

Para a Previ, por exemplo, a mudança era considerad­a essencial para viabilizar o pagamento de aposentado­rias.

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Daniel Leal-Olivas/AFP » ANOS DOURADOS Mulher posa à frente de caixa automático adornado para celebrar o 50º aniversári­o da 1ª máquina no Reino Unido, do Barclays, ao norte de Londres

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