Folha de S.Paulo

MÉDICOS DE FAMÍLIA

- NAIEF HADDAD

ENVIADO ESPECIAL A JOUNIEH (LÍBANO)

A costureira Zanubia Farhat nasceu há 34 anos na cidade paranaense de Guaíra.

Com família de origem libanesa, ela se mudou sete anos atrás para Sohmor, um vilarejo no Vale do Bekaa, região do país onde há grande concentraç­ão de brasileiro­s.

Zanubia, que havia acabado de se divorciar, levou consigo os três filhos.

A vida no Líbano não tem sido branda para ela, especialme­nte no que se refere aos cuidados com a saúde.

Desde então, a costureira deixou de fazer o Papanicola­ou, exame para o diagnóstic­o precoce do câncer de colo uterino —em geral, a recomendaç­ão é que seja realizado anualmente.

Segundo Zanubia, não há qualquer orientação religiosa para que ela, muçulmana, deixe de fazer o exame.

O problema é de outra ordem. O acompanham­ento médico oferecido pelo sistema público do Líbano sofre pela escassez de profission­ais e de recursos, disseram pelo menos dez mulheres de classes média e baixa do país ouvidas pela Folha.

No último dia 3 de agosto, em Khiara, no Vale do Bekaa, Zanubia foi uma das atendidas por um grupo de especialis­tas brasileiro­s —três médicos e um dentista.

Além de orientá-la sobre os cuidados periódicos, a equipe recomendou que a costureira fizesse um exame para avaliar a glândula tireoide.

Idealizado no ano passado pelo radioterap­euta Aref Muhieddine, brasileiro filho de libaneses, o projeto Moça Bonita promoveu a primeira Caravana da Saúde justamente no país de onde veio a família do médico. DE 20 A 50 ANOS As ações iniciais acontecera­m nas duas primeiras semanas de agosto, quando foram atendidas mais de mil mulheres, sobretudo libanesas e brasileira­s no país.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil