Violência afeta saúde mental de moradores
DO RIO
Pesquisadores que estudam o impacto da violência urbana na população dizem ser consenso na literatura acadêmica o prejuízo à saúde mental diante do avanço de índices de criminalidade.
“Em lugares mais conflagrados, como nas favelas do Rio de Janeiro, esses efeitos são comparáveis aos vistos em situações de guerra”, diz Joviana Quintes Avanci, pesquisadora do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde da Ensp/Fiocruz.
O transtorno mais grave que advém da exposição à violência é de estresse póstraumático.
Pesquisa acerca desse transtorno, realizada por UFRJ, Unifesp, Fiocruz e UFF, mostra que 89% da população do Rio já foi exposta a algum evento traumático ao longo da vida.
Estudo ainda não publicado feito pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com base em dados de 2015, indica que pelo menos 20% da população fluminense sofre desse transtorno. Outros 31% apresentam parte, mas não todos os sintomas desse transtorno.
O estudo indica ainda que o transtorno passa quase sempre despercebido. Em 98% dos casos, por exemplo, ele nem sequer é identificado pelos médicos em exames clínicos convencionais.
“Ele é frequentemente comórbido com outros transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade, abuso de álcool e drogas, entre outros, o que pode mascarar os sintomas de transtorno de estresse pós-traumático e ele não ser identificado ou confundido com outro transtorno”, diz Herika Cristina da Silva, coordenadora do estudo.
“Falar sobre os eventos traumáticos é algo muito difícil, pois causa um intenso sofrimento às pessoas que passaram por ele”, completa a pesquisadora. (LF)