Folha de S.Paulo

Semelhança­s com a série de TV ‘Narcos’ tiram boa parte do impacto de um filme engenhoso

- THALES DE MENEZES

“Feito na América” é uma bola dentro de Tom Cruise. Entre suas duas franquias de ação habituais, “Missão Impossível” e “Jack Reacher”, este é um filme cheio de qualidades, do roteiro engenhoso a uma edição frenética.

O único problema, na verdade, está fora do filme. É a série de TV “Narcos”, sucesso dos brasileiro­s José Padilha e Wagner Moura no mercado americano e mundial.

Se a dramatizaç­ão da vida do piloto americano Barry Seal não lembrasse tanto o seriado sobre o traficante colombiano Pablo Escobar, seu impacto poderia ser maior.

Impossível não comparar. Primeiro porque Seal era um piloto comercial de algum talento que acabou trabalhand­o como agente da CIA e depois vendeu seus serviços ao cartel da droga, tornando-se operador direto de Escobar.

Em segundo lugar, a profusão de toneladas de cocaína e bolsas e mais bolsas de dinheiro vivo desfiladas na tela é puro “Narcos”.

Seal chegou a ter tanto dinheiro em espécie que o filme faz o espectador brasileiro se lembrar o tempo todo da imagem dos R$ 51 milhões dentro de malas no agora famoso apartament­o em Salvador. E muitas piadas pipocam no roteiro sobre a maneira atabalhoad­a de Seal lidar com tanto papel-moeda.

É o próprio personagem que conta sua saga, outra similarida­de com “Narcos”, que tem as duas primeiras temporadas narradas pelo policial que caça Escobar. HOMEM DE FAMÍLIA Se a família do traficante aparece como um dos grandes focos de atenção no seriado, a relação de Seal com a mulher e filhos também tem papel de destaque na trama.

Cruise atua mais descontraí­do do que costuma fazer na pele de durões como Jack Reacher e Ethan Hunt (de “Missão Impossível”). Sem cenas de ação arriscadas, um trunfo de seu marketing pessoal em Hollywood, ele pode aparecer aqui apalermado e trapalhão, e faz isso bem.

Estar ligado a acontecime­ntos reais é uma armadilha para o filme, porque não há exatamente um clímax para encerrá-lo. O rumo do personagem está atrelado ao destino de Seal, e não é um desfecho empolgante.

“Feito na América” mostra que ainda sobra carisma em Cruise, mesmo depois de tantos filmes nada brilhantes. (AMERICAN MADE) DIREÇÃO Doug Liman ELENCO Tom Cruise, Sarah Wright, Domhnall Gleeson PRODUÇÃO EUA, 2017, 16 anos QUANDO estreia nesta quinta (14) AVALIAÇÃO bom

 ??  ??
 ?? Divulgação ?? Tom Cruise e Sarah Wright em cena de ‘Feito na América’
Divulgação Tom Cruise e Sarah Wright em cena de ‘Feito na América’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil