Folha de S.Paulo

Varicação e desobediên­cia.

- DIOGO BERCITO

DE MADRI

A Justiça espanhola emitiu nesta sexta-feira (3) um mandato internacio­nal e uma ordem europeia para a captura e detenção do ex-presidente catalão Carles Puigdemont.

Investigad­o por rebelião após liderar um processo separatist­a considerad­o ilegal por Madri, Puigdemont está em Bruxelas para tentar evitar a punição com quatro de seus ex-conselheir­os.

A ordem europeia emitida pela Espanha é direcionad­a à Bélgica, que indicara na véspera que cumpriria o pedido de captura. As formalidad­es, porém, podem tardar.

O Ministério Público belga precisa traduzir e encaminhar o pedido espanhol a um tribunal de primeira instância, que decidiria se detém o ex-presidente de maneira preventiva enquanto estuda a medida. A extradição poderia levar dois meses.

Puigdemont fora convocado a depor na quinta (2) em um tribunal espanhol, o que ele se negou a fazer alegando não ter garantias de que teria julgamento justo. Oito membros de seu gabinete estão sob prisão preventiva.

O crime de rebelião pode levar a até 30 anos de prisão, e Puigdemont é investigad­o também por outros quatro delitos: sublevação, fraude, pre- INSURREIÇíO O governo de Puigdemont organizou o plebiscito separatist­a de 1° de outubro, desautoriz­ado pelo governo central, que teve participaç­ão de 43% do eleitorado catalão (90% destes votaram “sim”).

Em 27 de outubro, o Parlamento regional aprovou convocar uma constituin­te, o que foi entendido como declaração ilegal de independên­cia. Madri destituiu o governo, dissolveu o Parlamento e convocou eleições antecipada­s para 21 de dezembro.

A juíza Carmen Lamela diz que Puigdemont se valeu do cargo para fazer o plebiscito e que ele e os aliados “usaram a força intimidató­ria e violenta dos setores independen­tistas da população, convocando à insurreiçã­o”.

Na segunda (30), horas depois de ser oficialmen­te denunciado pelo Ministério Público, Puigdemont apareceu em Bruxelas, de onde agora se recusa a sair.

A juíza Lamela atribui a ordem de prisão sem fiança ao fato de o ex-presidente ter “paradeiro desconheci­do”, já que não foi encontrado pela Justiça em seu domicílio. Ela recusou também o pedido de Puigdemont para depor por videoconfe­rência.

Em Bruxelas nesta sexta, Puigdemont disse que poderia concorrer a distância às eleições regionais. “Estamos em um mundo globalizad­o.”

Mesmo se for detido, ele ainda poderá a princípio participar o pleito. O porta-voz do governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, afirmou que os políticos detidos poderão concorrer se não tiverem sido condenados.

As detenções provocaram protestos nesta semana do movimento separatist­a, para qual os conselheir­os destituído­s são presos políticos.

 ?? Josep Lago/AFP ?? Mulher protesta em Barcelona contra prisão preventiva de membros do governo local separatist­a destituído por Madri
Josep Lago/AFP Mulher protesta em Barcelona contra prisão preventiva de membros do governo local separatist­a destituído por Madri

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil