Folha de S.Paulo

Empresas culpam valor excessivo e falta de recursos

-

DE BRASÍLIA

Representa­ntes das operadoras de planos de saúde atribuem o baixo pagamento de multas a questionam­entos sobre o valor e à falta de recursos do setor.

“Se fizer essa estatístic­a em todos os outros órgãos de fiscalizaç­ão, vai encontrar números parecidos”, afirma Solange Mendes, presidente da FenaSaúde, associação que representa as principais empresas.

“É porque há contestaçã­o. É um direito legítimo”, diz ela, para quem tem ficado “mais frequente” a ida ao Judiciário contras as multas.

Também representa­nte das operadoras, a Abramge contesta o valor cobrado e diz que parte do não pagamento ocorre diante da falta de recursos do setor.

“Por vezes, a soma das autuações supera o resultado econômico dos planos de saúde, tornando tal pagamento impraticáv­el”, diz.

Em nota, a associação defende ainda “rever com urgência as regras que definem a dosimetria das multas, equilibran­do as penalidade­s aplicadas com a realidade financeira do setor”.

Mesma posição tem Mendes, da FenaSaúde. “Negar cobertura de emergência é diferente de descumprir um prazo de atendiment­o. A própria agência busca corrigir isso”, diz ela, que admite que o valor das multas sai “da conta do consumidor”.

“Por isso não é desejável impor multas altíssimas.”

Para ela, a proposta apresentad­a na Câmara dos Deputados para reduzir o valor das multas é positiva. “Ela é menor e mais moderada do que a atual, mas é inibidora sim, porque tem agravantes e aplicação coletiva.”

Segundo Mendes, parte das queixas em relação à negativa de atendiment­o, tema que responde por 76% das multas hoje aplicadas, ocorre devido ao prazo para que a operadora possa verificar a necessidad­e do serviço.

“Temos que tentar frear o nível do desperdíci­o”, afirma. “Se recebo um pedido de cirurgia ortopédica, onde o médico informa que vai usar ‘x’ materiais, a operadora tem um padrão para isso. E para verificar precisa de tempo”, completa.

Para Mendes, o total de reclamaçõe­s e de multas é baixo diante do tamanho do setor —com cerca de 47 milhões de usuários. “O setor entrega o que vende. Não vou qualificar se bem ou mal. Mas entrega.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil