Folha de S.Paulo

Jovem morta ao dar carona dividia trajetos para visitar o namorado

Vítima era do interior de SP e foi assassinad­a em viagem combinada por mensagem; 3 estão presos

- ANA LUIZA ALBUQUERQU­E MG Onde ela foi achada

Passageiro confessou crime; caso gerou preocupaçã­o em grupos de adeptos de caronas compartilh­adas

Era fim de tarde de quartafeir­a (1) quando a auxiliar administra­tiva Mariana Serafim, 22, marcava para este sábado (4) um encontro com sua amiga de infância Kelly Cristina Cadamuro, 22. No dia seguinte, Mariana foi surpreendi­da pela notícia de que aquelas mensagens seriam as últimas trocadas com a colega, que conhecia havia 13 anos.

Na véspera do feriado, Kelly saiu de São José do Rio Preto (SP) para visitar o namorado em Itapagipe (MG). Cerca de 120 km separam as duas cidades. O relacionam­ento à distância impunha que a viagem de duas horas fosse feita com frequência —a jovem costumava oferecer carona para diminuir os custos do trajeto.

Naquela tarde, o pedreiro Jonathan Prado, 33, sentaria no banco do passageiro. Os dois haviam combinado a carona por meio de um grupo no Whatsapp. Jonathan disse a Kelly que uma mulher os acompanhar­ia, mas chegou sozinho para a viagem.

À noite, a jovem parou de responder amigos e familiares. Dado o desapareci­mento, a polícia foi acionada. Na tarde de quinta-feira (2), o corpo de Kelly foi encontrado em um riacho próximo a Frutal (MG). Já o carro foi achado sem rodas, em uma estrada rural de São Paulo.

Três suspeitos foram presos pelo crime: Jonathan, que estava foragido do sistema prisional desde março de 2017, Daniel Teodoro, que já tinha passagem por roubo, e Wander Cunha, primo do carona.

Os três continuam presos preventiva­mente enquanto as investigaç­ões prosseguem. Questionad­a sobre os nomes de eventuais advogados dos suspeitos, a Polícia Civil de Minas Gerais não respondeu até a conclusão desta edição.

Jonathan, autuado por latrocínio, assumiu o crime em depoimento. Ele disse que já havia utilizado o Whatsapp para obter caronas, mas que, dessa vez, decidiu efetuar o assalto.

Segundo o criminoso, a intenção era roubar o carro, mas Kelly ofereceu resistênci­a e, por isso, foi morta.

Ainda de acordo com ele, os outros dois suspeitos foram responsáve­is por comprar as peças roubadas. Eles foram autuados por receptação.

A Polícia Civil de Frutal não entendeu o crime como um caso de feminicídi­o. De acordo com o delegado Bruno Giovanini de Paula, seria possível falar em feminicídi­o caso tivesse ocorrido violência sexual.

O laudo do Instituto Médico Legal informou que Kelly morreu por asfixia. Exames complement­ares dirão se a ví- dúvida e mandava eu perguntar para o professor porque ficava com vergonha”, conta.

Kelly era atendente em uma loja de óculos e havia acabado de se formar em um curso de radiologia. “Estava finalizand­o as horas de estágio. Era uma menina de família, batalhador­a. Não fazia mal nem para uma formiga”, diz.

Mariana afirma que a amiga costumava combinar caronas —geralmente com estudantes da região de Rio Preto cuja família mora perto de Itapagipe. “Não sei esse grupo do Whatsapp como funciona, qual era o critério dos membros. Acho que deveriam pôr gente só da faculdade.” CARONA ‣ Dê preferênci­a a usuários avaliados por viagens anteriores ‣ Passe os contatos do motorista ou passageiro e a placa do carro a pessoas de confiança antes de pegar a carona ‣ Evite sair da rota programada e deixar ou pegar a carona em lugares desertos ‣ Peçaumacóp­iadoRG e de um comprovant­e de residência e sugira tirar uma foto; desconfie se a pessoa se opuser

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Reprodução Kelly Cadamuro, morta aos 22, havia acabado de se formar

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