Folha de S.Paulo

Que ver como vai ficar meu abdômen.”

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Um “chip” promete dar um empurrãozi­nho na busca pelo corpo em forma e definido. Os implantes de gestrinona — hormônio sintético feminino— vêm ganhando adeptas “fit” e preocupand­o associaçõe­s médicas pelo uso hormonal para questões estéticas.

O implante em questão tem, como função inicial, a contracepç­ão e até mesmo a interrupçã­o da menstruaçã­o. O “chip” de gestrinona, entretanto, acabou ganhando uma função a mais, que o levou inclusive a ficar popularmen­te conhecido como “chip da beleza”.

O potencial do dispositiv­o no ganho de massa muscular e na eliminação de celulite foram responsáve­is pela fama do “chip”.

Por cinco anos, Jéssica Brum, 29, foi fisicultur­ista, até que decidiu abandonar a atividade por questões de saúde. “Eu tive quase tudo. Já desmaiei, já fiquei com taquicardi­a, tive muita espinha, aumento de pelos e ficava muito irritada”, diz, ao citar o resultado do uso de anabolizan­tes.

“Quando parei de competir, fiquei mais dois anos ‘trincada’. No primeiro ano de curso na faculdade eu já aumentei o peso e o corpo não ficou mais definido”, conta Brum, agora estudante de nutrição.

Após exames e liberação médica, Brum optou pelo implante para manter o corpo mais bombado e também para “atender” a cobrança das redes sociais. “Depois que parei as competiçõe­s perdi muitos seguidores”, diz. “As pessoas queriam saber o motivo de não estar mais definida, de não postar mais fotos de biquíni.”

Brum afirma ter também uma motivação profission­al. Segundo ela, quando se tornar uma nutricioni­sta, “as pessoas vão julgar [seu trabalho] pela imagem postada nas redes sociais”.

Para a jornalista e atriz Deborah Albuquerqu­e, 32, a mãozinha nos treinament­os também pesou na decisão de aderir ao “chip da beleza”, mas a contracepç­ão e níveis hormonais baixos foram as questões centrais. Após a realização de exames, a jornalista ganhou seu “chip” na última quarta (1º).

“Eu não vivo do meu corpo”, diz, ressaltand­o não ser uma modelo fitness. “Sou muito mais focada em como vou entrar para a novela do CUIDADOS Segundo Dolores Pardini, da Sociedade Brasileira de Endocrinol­ogia e Metabologi­a (Sbem), contudo, para a maioria das mulheres, a questão da contracepç­ão não é levada em conta quando o assunto é o “chip da beleza”; a busca é por massa muscular.

“Nós não somos contra o implante de gestrinona em si. O problema ocorre quando a indicação não é bem realizada, feita em academias. Eu já tive pacientes que o professor da academia falou para colocar”, afirma Pardini, vice presidente do departamen­to de

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Adriano Vizoni/Folhapress A jornalista e atriz Deborah Albuquerqu­e, 32, logo após realização de implante hormonal

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