Folha de S.Paulo

Ministros do Supremo divergem sobre o combate às ‘fake news’

Marco Aurélio é contra iniciativa de Gilmar Mendes junto ao TSE

- REYNALDO TUROLLO JR.

O ministro Marco Aurélio, do STF, disse que o enfrentame­nto às “fake news”, notícias falsas que poderão surgir na internet durante a campanha de 2018, não deve representa­r um “retrocesso em termos de liberdade”.

Questionad­o sobre a iniciativa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de criar um grupo de trabalho para monitorar “fake news”, sob o comando do ministro Gilmar Mendes, Marco Aurélio sinalizou discordar da medida.

“Eu vejo inúmeras dificuldad­es para se coibir o lançamento numa campanha eleitoral, que é algo apaixonado, de inverdades. Isso é muito difícil. E não podemos ter um retrocesso em termos de liberdade e da busca do eleitor do conhecimen­to do perfil do candidato. Penso que, em pleno século 21, nós devemos elogiar um pouco mais a liberdade”, afirmou.

“Não sei se vai haver a iniciativa, não estou no TSE, mas, se lá estivesse, a minha visão seria uma visão aberta quanto a esse fenômeno que poderá ocorrer repetindo-se o que se verificou nos Estados Unidos”, disse.

Marco Aurélio participou na noite desta terça-feira (7) do seminário “As Liberdades na Era Digital e os Limites do Estado”, organizado pelo UniCEUB em parceria com o Instituto Palavra Aberta.

O palestrant­e do seminário, Oscar Vilhena, professor da FGV-SP e colunista da Folha, também alertou para uma eventual censura de notícias verdadeira­s ao se tentar coibir as “fake news”.

Sem comentar especifica­mente a iniciativa do TSE, Vilhena defendeu que informaçõe­s falsas sejam combatidas com a produção de mais informaçõe­s confiáveis, e não com intervençã­o do Estado.

“Nós [indivíduos] vamos ter que amadurecer para conseguir discrimina­r o que é ‘fake’ do que não é ‘fake’”, disse.

Também nesta terça, em outro evento, Gilmar voltou a comentar sobre a criação de um grupo no TSE para tratar do assunto, afirmando que não vai estabelece­r censura.

“Não se tolera o abuso, especialme­nte no campo eleitoral. Cada momento tem suas peculiarid­ades, mas ninguém está pensando em estabelece­r censura. O que precisamos é ter provimento­s céleres porque essas notícias [falsas] se alastram com força”, declarou.

Na palestra, Vilhena disse que o Brasil e o mundo vivem hoje um “momento regressivo” em termos de liberdade de expressão, depois de duas décadas (1990 e 2000) de “grande esperança democrátic­a” diante das novas tecnologia­s, como a internet.

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Pedro Ladeira - 20.set.2017/Folhapress » NA MIRA A deputada Shéridan Oliveira (PSDB-RR), denunciada pela procurador­ageral da República, Raquel Dodge, sob acusação de comprar votos na eleição de 2010

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