Folha de S.Paulo

Del Nero negocia depor nos EUA, mas teme ser preso

Advogados do presidente da CBF acompanham julgamento de Marin em NY

- SILAS MARTÍ

Defensores do dirigente, indiciado desde 2015, dizem ter levado para as autoridade­s provas da inocência do seu cliente

O julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin, que começou nesta semana em Nova York, tem um reforço na plateia. Advogados de Marco Polo Del Nero, atual líder da entidade, vieram aos Estados Unidos para ver de perto os rumos do caso que pode condenar seu antecessor no cargo a anos de prisão.

Jorge Nemr e José Roberto Batochio, que defendem Del Nero, temem que a investigaç­ão da Justiça americana sobre o cliente deles possa ter um desfecho semelhante.

Del Nero foi citado em investigaç­ões de corrupção conduzidas pelos EUA. Ele é suspeito de ter recebido parte de um total de US$ 200 milhões, cerca de R$ 670 milhões, em propina durante negociaçõe­s de contratos.

Mas, ao contrário de Marin, ele ainda não é um dos réus nos casos envolvendo o comando mundial do futebol.

No momento, autoridade­s americanas pressionam Del Nero —indiciado desde 2015— para que ele deponha em Nova York, mas sua defesa está tentando evitar essa viagem.

“Eles querem ouvir o Marco Polo, mas essa vontade não pode ser absoluta”, disse Batochio, à Folha, em Nova York. “Os Estados Unidos são um país que pretende ter jurisdição global, mas o Brasil tem a sua soberania. Está aberta a possibilid­ade de ele vir depor, mas queremos respeito à soberania brasileira.”

Batochio, no caso, acredita que Del Nero poderia se expor demais se saísse do Brasil neste momento. “Por precaução, estamos pedindo que ele evite fazer isso”, afirmou. “Nós o aconselham­os a não correr esse risco. Queremos saber quais são as condições de respeito a seus direitos”, completou o advogado.

Em Nova York, a defesa de Del Nero vem se reunindo com advogados de Marin e de outros réus no escândalo de corrupção da Fifa. Na bagagem, trouxeram documentos. Alegam que podem provar a RELAÇÃO COM MARIN

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