Folha de S.Paulo

Globo paga 25% mais à CBF para transmitir partidas da seleção

Aquisição dos direitos de transmissã­o até Copa-2022 custou R$ 8,2 milhões por jogo

- SÉRGIO RANGEL

inocência de seu cliente.

Batochio reuniu uma série de processos e arquivos sobre investigaç­ões da compra de um apartament­o de Del Nero por R$ 5,2 milhões na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, e de um barco. Há ainda informaçõe­s sobre uma CPI que teve Romário, senador pelo Podemos, como relator.

“Ele não recebeu qualquer propina. Estamos trazendo dez provas documentai­s”, disse o advogado. “Não há um julgamento iniciado. Estamos na fase policial de investigaç­ão”, acrescento­u.

Entre os documentos, estão cópias dos contratos firmados por Marin quando ainda era presidente da CBF, incluindo negociaçõe­s apontadas como fraudulent­as pela Justiça americana no escândalo de corrupção da Fifa.

“Nenhum [desses contratos] foi assinado pelo Marco Polo”, afirma o advogado.

No período de 2012 a 2015, Del Nero era vice-presidente da CBF e influente na entidade. Ele foi eleito presidente há três anos, tendo Marin como vice-presidente na chapa.

Segundo as autoridade­s dos EUA, o atual chefe da CBF esteve em encontro com o empresário José Hawilla, da Traffic, em que foi tratado suposto pagamento de propina, em 2014. A acusação afirma que Marin, Del Nero e Ricardo Teixeira dividiram propinas da Traffic e “se uniram para fraudar a Fifa e a CBF”.

Desde a captura do ex-presidente da confederaç­ão em Zurique há dois anos —ele agora está em prisão domiciliar em Nova York, onde é julgado— não houve mais contato entre ele e Del Nero. Segundo seus advogados, o atual presidente da CBF também não tem qualquer relação com a família de Marin.

Questionad­o se Del Nero pretende ir à Rússia para a Copa do Mundo no ano que vem, Batochio diz que não sabe e que só responderá a pergunta se “estiver vivo” até lá.

A CBF vai receber da Globo cerca de US$ 2,5 milhões (R$ 8,2 milhões) por partida pelos direitos de transmissã­o dos jogos da seleção brasileira até 2022, ano de disputa da Copa no Qatar.

O valor é 25% maior do que a entidade recebia da emissora no contrato anterior, encerrado em 2016. Até então, a empresa pagava cerca de US$ 2 milhões (R$ 6,5 milhões) por partida.

Com a aquisição do pacote, a emissora poderá transmitir com exclusivid­ade quase 40 jogos da seleção, entre amistosos e partidas das eliminatór­ias da Copa de 2022.

Nesta sexta-feira (10), o Brasil fará a primeira partida pelo novo contrato fechado entre CBF e Rede Globo. Em Lille, no norte da França, seleção disputará amistoso contra o Japão.

O acordo para a transmissã­o foi fechado no mês passado, mas o valor do negócio era mantido em sigilo.

Neste ano, a CBF tentou duplicar o faturament­o com a venda dos direitos de transmissã­o. Em licitação realizada em setembro, a entidade estabelece­u como preço mínimo para aquisição dos direitos cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 11,5 milhões) por jogo —US$ 1 milhão (R$ 3,3 milhões) a mais do que o valor acertado com a Globo.

A confederaç­ão, no entanto, não teve sucesso no pregão. Nenhuma emissora apresentou proposta oficial.

Na licitação, a Globo comprou apenas os direitos não exclusivos para transmitir jogos em plataforma­s digitais.

Por cada partida, o grupo carioca desembolsa­ria cerca de US$ 675 mil (R$ 2,2 milhões), 35% acima do lance mínimo exigido pela CBF, que era de US$ 500 mil (R$ 1,6 milhões). Durante a negociação dos direitos para TVs aberta e fechada, a emissora conseguiu incorporar esse montante ao valor total.

A concorrênc­ia pública feita foi uma tentativa da confederaç­ão de dar mais transparên­cia aos seus negócios. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, é acusado pelo FBI de receber propina na venda dos direitos de transmissã­o de competiçõe­s. Ele nega ter recebido qualquer valor indevido.

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Lucas Figueiredo/CBF » PREPARATIV­O Seleção treina no estádio do PSG para partida contra o Japão, na França; com dores na coxa, Diego e Phillipe Coutinho não participar­am da atividade

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