Globo paga 25% mais à CBF para transmitir partidas da seleção
Aquisição dos direitos de transmissão até Copa-2022 custou R$ 8,2 milhões por jogo
inocência de seu cliente.
Batochio reuniu uma série de processos e arquivos sobre investigações da compra de um apartamento de Del Nero por R$ 5,2 milhões na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, e de um barco. Há ainda informações sobre uma CPI que teve Romário, senador pelo Podemos, como relator.
“Ele não recebeu qualquer propina. Estamos trazendo dez provas documentais”, disse o advogado. “Não há um julgamento iniciado. Estamos na fase policial de investigação”, acrescentou.
Entre os documentos, estão cópias dos contratos firmados por Marin quando ainda era presidente da CBF, incluindo negociações apontadas como fraudulentas pela Justiça americana no escândalo de corrupção da Fifa.
“Nenhum [desses contratos] foi assinado pelo Marco Polo”, afirma o advogado.
No período de 2012 a 2015, Del Nero era vice-presidente da CBF e influente na entidade. Ele foi eleito presidente há três anos, tendo Marin como vice-presidente na chapa.
Segundo as autoridades dos EUA, o atual chefe da CBF esteve em encontro com o empresário José Hawilla, da Traffic, em que foi tratado suposto pagamento de propina, em 2014. A acusação afirma que Marin, Del Nero e Ricardo Teixeira dividiram propinas da Traffic e “se uniram para fraudar a Fifa e a CBF”.
Desde a captura do ex-presidente da confederação em Zurique há dois anos —ele agora está em prisão domiciliar em Nova York, onde é julgado— não houve mais contato entre ele e Del Nero. Segundo seus advogados, o atual presidente da CBF também não tem qualquer relação com a família de Marin.
Questionado se Del Nero pretende ir à Rússia para a Copa do Mundo no ano que vem, Batochio diz que não sabe e que só responderá a pergunta se “estiver vivo” até lá.
A CBF vai receber da Globo cerca de US$ 2,5 milhões (R$ 8,2 milhões) por partida pelos direitos de transmissão dos jogos da seleção brasileira até 2022, ano de disputa da Copa no Qatar.
O valor é 25% maior do que a entidade recebia da emissora no contrato anterior, encerrado em 2016. Até então, a empresa pagava cerca de US$ 2 milhões (R$ 6,5 milhões) por partida.
Com a aquisição do pacote, a emissora poderá transmitir com exclusividade quase 40 jogos da seleção, entre amistosos e partidas das eliminatórias da Copa de 2022.
Nesta sexta-feira (10), o Brasil fará a primeira partida pelo novo contrato fechado entre CBF e Rede Globo. Em Lille, no norte da França, seleção disputará amistoso contra o Japão.
O acordo para a transmissão foi fechado no mês passado, mas o valor do negócio era mantido em sigilo.
Neste ano, a CBF tentou duplicar o faturamento com a venda dos direitos de transmissão. Em licitação realizada em setembro, a entidade estabeleceu como preço mínimo para aquisição dos direitos cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 11,5 milhões) por jogo —US$ 1 milhão (R$ 3,3 milhões) a mais do que o valor acertado com a Globo.
A confederação, no entanto, não teve sucesso no pregão. Nenhuma emissora apresentou proposta oficial.
Na licitação, a Globo comprou apenas os direitos não exclusivos para transmitir jogos em plataformas digitais.
Por cada partida, o grupo carioca desembolsaria cerca de US$ 675 mil (R$ 2,2 milhões), 35% acima do lance mínimo exigido pela CBF, que era de US$ 500 mil (R$ 1,6 milhões). Durante a negociação dos direitos para TVs aberta e fechada, a emissora conseguiu incorporar esse montante ao valor total.
A concorrência pública feita foi uma tentativa da confederação de dar mais transparência aos seus negócios. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, é acusado pelo FBI de receber propina na venda dos direitos de transmissão de competições. Ele nega ter recebido qualquer valor indevido.