Folha de S.Paulo

EUA aplicam sanções a mais dez chavistas na Venezuela

Governo Trump pune responsáve­is por comunicaçã­o, eleição e abastecime­nto; regime diz que Casa Branca ignora vontade do povo

- COLÔMBIA

O Departamen­to do Tesouro dos EUA anunciou nesta quinta-feira (9) sanções econômicas contra mais dez membros do regime venezuelan­o, em retaliação a irregulari­dades eleitorais, censura à imprensa e corrupção na distribuiç­ão de alimentos.

Os nomes mais conhecidos da lista são os dos ministros da Agricultur­a Urbana, Freddy Bernal, e da Cultura, Ernesto Villegas. Bernal é o responsáve­l pelos Comitês Locais de Abastecime­nto e Produção (Clap), mecanismo de distribuiç­ão de alimentos a preços subsidiado­s.

O programa é uma das poucas alternativ­as da população mais pobre da Venezuela para comprar comida sem ágio em meio ao desabastec­imento no país. O regime, porém, o usa para beneficiar áreas chavistas e punir as regiões opositoras.

Já Villegas comandava até a última sexta (3) a pasta das Comunicaçõ­es, que controla as emissoras estatais de comunicaçã­o e os órgãos que controlam as concessões de rádio e televisão. Desde agosto, quando foi instalada a Assembleia Constituin­te, veículos contrários a Nicolás Maduro foram fechados ou processado­s pela Justiça.

Na relação também aparecem duas reitoras chavistas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Socorro Hernández e Sandra Oblitas somam-se a Tania D’Amelio e à presidente do órgão, Tibisay Lucena, que haviam sido punidas pelos EUA meses atrás.

O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, afirmou que “enquanto o governo da Venezuela continuar ignorando o desejo de seu povo, nossa mensagem é clara: os EUA não vão permanecer de braços cruzados”.

Por isso, disse, a administra­ção de Donald Trump manterá seus “esforços vigorosos para sancionar funcionári­os do governo da Venezuela que são cúmplices” de Maduro.

Assim como nas rodadas de punições anteriores, o chanceler venezuelan­o, Jorge Arreaza, afirmou que o governo americano desrespeit­a a soberania e o direito à autodeterm­inação dos povos.

“Essas medidas coercitiva­s unilaterai­s provam o desprezo de Donald Trump pelo povo venezuelan­o, ao ignorar sua vontade soberana, expressada em múltiplas ocasiões através do voto popular.”

Desde o início das manifestaç­ões da oposição à ditadura, em abril, Maduro e mais de 50 membros do regime se tornaram alvo das sanções econômicas individuai­s.

A medida mais efetiva, porém, foi adotada em 25 de agosto, quando Trump proibiu cidadãos e empresas americanas de negociar novos títulos da dívida da Venezuela e da estatal PDVSA.

As sanções diminuíram a capacidade do regime de pagar os dividendos dos títulos, elevando seu risco de moratória. Para tentar evitar o calote, Maduro chamou na última sexta (3) seus credores para iniciar uma renegociaç­ão da dívida pública.

Trump ainda é pressionad­o por políticos americanos próximos à diáspora venezuelan­a a interrompe­r a compra de petróleo —a Venezuela responde por 10% de todo o óleo importado pelos americanos.

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