Folha de S.Paulo

Subprefeit­o de SP reclama de falta de verba antienchen­te

Prefeito regional da Casa Verde diz que vai ‘ter problema em janeiro’

- GIBA BERGAMIM JR. GUILHERME SETO

Piscinão na zona norte está assoreado, afirma; gestão Doria (PSDB) gastousó21%deverba de prevenção de cheias

O prefeito regional da Casa Verde/Cachoeirin­ha, Paulo Cahim, fez reclamaçõe­s públicas sobre a redução de verbas para sua administra­ção em 2018 durante audiência na zona norte da cidade no último sábado (11).

Segundo o gestor, a região pode ser afetada por enchentes como consequênc­ia da não realização da limpeza de um piscinão na zona norte. As declaraçõe­s ocorrem no momento em que a gestão do prefeito João Doria (PSDB) gastou somente 21% do orçamento previsto para contenção de enchentes, conforme mostrou a Folha no último dia 3.

As queixas de Cahim fazem parte do discurso inflamado que fez durante reunião da Comissão de Finanças da Câmara Municipal no último sábado (11), presidida pelo vereador petista Jair Tatto.

“Me desculpem. Eu não sei qual é a força que eu posso representa­r nisso. Porque se não tivermos a força política e a visão de gestão, nós vamos ter muito problema com as enchentes em janeiro”, afirmou Cahim à plateia.

Em seguida, ele fala sobre a situação do piscinão da avenida General Penha Brasil, que está sujo. “Nosso piscinão, o Penha Brasil, está assoreado e eu não tenho uma máquina que eu possa limpar. E eu passo todo dia em frente a ele. Aí vão me encontrar na feira e vão perguntar: ‘O que o prefeito está fazendo?’”

E finaliza, seguido de aplausos: “Me desculpem a indignação, eu não concordo com essa planilha de orçamento para a Casa Verde.”

Em entrevista à Folha nesta terça (14), Cahim disse que as declaraçõe­s gravadas são apenas um trecho de poucos segundos do contexto de uma audiência de quatro horas em que foi duramente questionad­o por uma plateia de muitos correligio­nários do PT.

Quadro antigo do PSDB, Cahim foi presidente do partido na região e também chefe de gabinete da regional durante a gestão do prefeito José Serra (PSDB), de 2005 a 2006.

“Ali [na audiência] era um cidadão falando. É isso que eu falei mesmo, mas dentro de um contexto muito mais amplo. Estamos discutindo uma peça orçamentár­ia. Eu estava prestando contas aos moradores do distrito em que também moro”, disse.

À Folha, Cahim deu outra versão em relação à dificuldad­e na contrataçã­o de limpeza do piscinão. Diz ele que não é por falta de orçamento, mas pela não liberação da licitação junto ao TCM (Tribunal de Contas do Município) que permite que o serviço seja feito.

“A preocupaçã­o que tenho é com as enchentes futuras. Se a gente considerar a tramitação burocrátic­a [perante o tribunal], que demora de 30 a 90 dias, eu vou fatalmente cair em janeiro com o piscinão assoreado e vai dar um grande problema para a comunidade”, disse.

Números apresentad­os pelo próprio prefeito regional mostram que a previsão de orçamento da regional caiu 17% —de R$ 28,9 milhões em 2017 para R$ 23,7 milhões em 2018. Esse número ainda será discutido na Câmara e pode ser revisto pelos vereadores antes de ir a votação, que deve ocorrer até o final do ano.

Sobre isso, Cahim disse que entende a situação financeira, mas que precisa de mais verbas. “É puxar a sardinha para o nosso lado. Eu estava na frente do presidente da comissão, que precisa ajudar as prefeitura­s de periferia. Eu precisava dizer: ‘Olhem para a Casa Verde’”, disse.

“Eu reclamo ao prefeito [Doria] e reclamei ao secretário [Claudio Carvalho, de Prefeitura­s Regionais] no sentido de que nós estamos preocupado­s com a Casa Verde, que eu gostaria que estivesse mais aquinhoada em orçamento”, afirmou.

Ainda sobre os serviços de drenagem, Cahim disse que tem caminhão e equipe para a limpeza de bueiros e galerias (microdrena­gem), mas que depende de contrataçã­o específica para a máquina que faz o serviço de limpeza dos piscinões (macrodrena­gem). Ele estima que a contrataçã­o pode ocorrer nos próximos dias, já que a Secretaria de Prefeitura­s Regionais está em tratativas para isso.

Ele também cogita pedir o equipament­o emprestado de outras regionais.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo não respondeu até a conclusão desta edição

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