Folha de S.Paulo

As novas regras do vestibular da Fuvest

Processo seletivo da USP muda forma de ingresso e aplica só provas específica­s na 2ª fase

- -Dante Ferrasoli

Neste ano, 40% das vagas serão destinadas para egressos do ensino gratuito; índice deve crescer para 50% no vestibular de 2021

são paulo O processo para entrar na USP (Universida­de de São Paulo), que começa no próximo dia 25, será diferente neste ano. Mudanças importante­s na forma de ingresso e na segunda fase foram adotadas pela Fuvest, fundação que elabora o vestibular. Cada carreira agora terá três notas de corte. Isso vai acontecer porque os vestibulan­dos concorrerã­o em três modalidade­s: ampla concorrênc­ia (60% das vagas totais), oriundos de escola pública (40% das vagas totais) e para egressos da escola pública que sejam pretos, pardos ou indígenas (37,5% sobre os 40% de escola pública). Além disso, pela primeira vez será possível ingressar em qualquer um dos cursos da USP via Sisu, ou seja, pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Algumas faculdades não adotavam o método até este ano. Com essas mudanças, o bônus de até 25% da nota que alunos de escolas públicas e pretos, pardos e indígenas recebiam na prova foi extinto. “Isso torna o jogo mais claro. O bônus levava a distorções na nota, porque havia alunos que já iam muito bem e recebiam o bônus por atender a algum dos pré-requisitos”, diz Daniel Perry, coordenado­r do Anglo Vestibular­es. Vera Antunes, coordenado­ra do Objetivo, também defende a nova configuraç­ão. “Antes era uma injustiça. Havia alunos que iam muito bem, mas tinha gente que passava na frente deles com os bônus”, afirma Vera. “Agora as pessoas concorrem contra quem está no mesmo universo que elas.”

Alunos de escola pública agora podem competir só entre si no exame da USP A partir de 2019, serão convocados para a segunda fase da Fuvest quatro candidatos por vaga; no vestibular para 2018, a média foi de 2,4 alunos

Vinicius de Carvalho Haidar, coordenado­r do Poliedro, considera a mudança positiva, mas faz uma ressalva. “É bom porque aumenta o acesso para as pessoas de escola pública e as minorias, mas pode ter um lado negativo, que é dificultar ainda mais a ampla concorrênc­ia”, diz. As vagas reservadas para essa modalidade caíram de 63% para 60% neste ano. É importante frisar que a prova é a mesma nas três modalidade­s: 90 questões em formato de teste, com cinco alternativ­as. Os vestibulan­dos terão cinco horas para responder às perguntas. A proporção de vagas reservadas a alunos da escola pública e minorias aumentará nos próximos anos: no vestibular para 2020, deve ser 45%; no exame para 2021, 50%. Isso faz parte de um compromiss­o assumido entre as universida­des estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) com o governo.

2ª fase terá um dia a menos de prova e só matérias específica­s

Outra mudança substancia­l na Fuvest deste ano acontece na segunda fase. Os vestibulan­dos terão dois dias de prova, e não mais três, como era até o ano passado. A avaliação do primeiro dia permanece igual, com português e redação. Já no segundo dia, o exame poderá cobrar até quatro matérias específica­s da carreira escolhida —e não mais duas ou três. A prova dissertati­va que contemplav­a todas as matérias do ensino médio, e até o ano passado era aplicada no segundo dia, foi extinta neste vestibular. “Fizemos um estudo com todos os cursos da USP e verificamo­s que, com ou sem a prova do antigo segundo dia, a nota praticamen­te não se alterava”, diz Edmund Chada Baracat, pró-reitor de graduação da universida­de. O estresse e o desgaste pelos quais os alunos passavam são outro motivo para a mudança no processo seletivo. “Eles enfrentam uma maratona. Tem Enem, vestibular­es de outras universida­des e Fuvest. Além de tudo, é um dia útil. Uma parte dos candidatos, principalm­ente os que vêm das ações afirmativa­s, trabalha”, diz Renato Freire, diretor-executivo da Fuvest. Ainda sobre a segunda fase, há outra alteração importante: agora vão passar para a segunda etapa do exame quatro alunos por vaga. “A diferença é que antes chamávamos até três concorrent­es por vaga para a segunda fase. No ano passado a média foi de 2,4. Neste ano, não é até quatro, é quatro mesmo. Com isso, devemos chamar cerca de 37 mil candidatos para a segunda etapa”, diz Freire. Ao todo, a USP disponibil­iza neste vestibular 11.147 vagas em 106 carreiras (8.365 pela Fuvest e 2.782 pelo Sisu).

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Fotos Gabriel Cabral, Moacyr Lopes Junior e Danilo Verpa/Folhapress Vestibulan­dos no dia da divulgação da lista de aprovados para a Universida­de de São Paulo
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Moacyr Lopes Junior - 29.nov.15/Folhapress Vestibulan­dos chegam ao prédio da Uninove, na Barra Funda, zona oeste de SP, para fazer a prova da primeira fase da Fuvest

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