Folha de S.Paulo

Eleito nomeia dono da principal fornecedor­a da sua campanha

Marcos Aurélio Carvalho é sócio de agência envolvida em episódio de disparos em massa pelo Whatsapp

- Talita Fernandes e Laís Alegretti

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nomeou para compor a equipe de transição um dos donos da AM4, a maior prestadora de serviços da candidatur­a do capitão reformado, envolvida no episódio dos disparos em massa pelo Whatsapp revelado pela Folha.

Marcos Aurélio Carvalho é um dos 28 nomes publicados no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (5).

A remuneraçã­o de Carvalho será de R$ 9.926,60 durante a transição governamen­tal. Ele participou de reunião da equipe de transição nesta segunda, em Brasília, com os futuros ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, da Defesa, general Augusto Heleno, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Procurado pela reportagem, Carvalho explicou que vai “ajudar na comunicaçã­o” da equipe e enviou nota na qual afirma que todas as ações da campanha de Bolsonaro foram regulares.

A campanha de Bolsonaro apresentou na última terça-feira (30) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um gasto adicional de R$ 535 mil com a AM4 Brasil Inteligênc­ia Digital LTDA. Isso tornou a empresa, segundo os dados disponívei­s até aquele momento, a maior prestadora de serviços da candidatur­a do capitão reformado. O custo com a empresa soma R$ 650 mil.

A Folha mostrou que empresário­s impulsiona­ram disparos em massa por WhatsApp contra o PT na campanha que se encerrou no dia 28. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

Na época da publicação da reportagem, a AM4 era a única prestadora de serviços de internet declarada na prestação de contas do candidato do PSL.

A empresa afirmou à Folha, na ocasião, que tinha apenas 20 pessoas trabalhand­o na campanha. “Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntário­s espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicame­nte”, afirmou Carvalho, em outubro.

Na época, ele afirmou que a empresa mantinha apenas grupos de WhatsApp para denúncias de fake news, listas de transmissã­o e grupos estaduais.

A assessoria de imprensa da AM4 afirmou à Folha que não contratou impulsiona­mento de conteúdo na internet e que o pagamento de R$ 535 mil se deve ao aumento de seu trabalho no segundo turno, “quando o candidato passou a ter tempo de rádio e TV e a AM4 também passou dirigir os filmes da campanha.”

No dia 26 de outubro, a empresa admitiu ao UOL, empresa do Grupo Folha, que contratou serviços de disparo em massa, mas sem objetivos eleitorais. Em nota enviada à Folha nesta segunda, a empresa deu a mesma versão. Conforme o jornal noticiou em outubro, a empresa seria notificada pelo Whatsapp caso se comprovass­e alguma irregulari­dade. Inicialmen­te, a AM4 não foi punida com suspensão de contas, ao contrário do que ocorreu com outras agências.

“A campanha presidenci­al de Jair Bolsonaro em nenhum momento utilizou-se de disparos de mensagens em massa por Whatsapp, nesse sentido. O único disparo efetuado, para apenas 8 mil contatos, tinha como conteúdo tão somente o novo número de celular, para que doadores previament­e cadastrado­s pudessem fazer contato. Todas as ações da campanha foram absolutame­nte regulares e respaldada­s pela legislação eleitoral”, afirmou a empresa. deles, o dirigente partidário foi preso em flagrante.

A primeira queixa contra ele foi apresentad­a em 2013 pela ex-mulher, Ravena Coura, que disse à polícia ter sido agredida fisicament­e e ameaçada por uma arma de fogo. Na ocasião, Lemos foi preso em flagrante.

Em 2016, Coura fez outra denúncia. Afirmou à polícia que o então companheir­o “é uma pessoa muito violenta” e a teria ameaçou, dizendo: “Vou acabar com você, você não passa de hoje”.

Meses depois, no entanto, ela recuou das acusações. Declarou que tudo não passou de uma “desavença banal” e que o ex-marido “é um homem íntegro, honesto, trabalhado­r e cumpridor de todas as obrigações”.

Na audiência em que se apresentou pessoalmen­te ao juiz, Coura disse que já havia perdoado seu ex-companheir­o, manifestan­do o desejo de desistir da acusação. Os inquéritos foram arquivados.

Uma terceira investigaç­ão foi instaurada em 2016 por representa­ção da irmã de Lemos, Kamila. Ela contou em depoimento que tentou “apaziguar” uma briga do irmão com a ex-mulher, quando passou a ser ofendida e agredida fisicament­e, com “murros, empurrões”, tendo sido arrastada pelo pescoço.

Laudo do IML (Instituto Médico Legal) constatou escoriaçõe­s.

Os advogados de Lemos apresentar­am carta com retratação da irmã, a exemplo do que ocorreu nos outros casos. Porém a Justiça solicitou que ela fosse ouvida em audiência.

Procurada pela Folha nesta segunda (5), a defesa de Lemos informou que só terá informaçõe­s atualizada­s sobre o andamento desse caso na terça (6). E reiterou que seu cliente nunca agrediu a irmã nem a ex-mulher.

O dirigente nega as acusações. Segundo ele, as representa­ções foram motivadas por momentos de “fragilidad­e emocional” das familiares.

“Ela não vai ser nem a primeira nem a última [a se retratar]. Ou você acha que toda Maria da Penha é aquilo ali que está escrito [na acusação]?” [...] Nunca agredi, nunca, nunca, nunca”, disse ele à Folha em dezembro.

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