Folha de S.Paulo

Incerteza econômica reduz projeção de receita das gigantes chinesas

- Yoko Kubota

A perda de confiança na economia da China e a repressão das autoridade­s regulatóri­as ao setor privado podem significar problemas no futuro da Baidu, em termos de receita, disseram executivos da empresa de buscas online do país asiático.

É um novo sinal de que a segunda maior economia do mundo enfrenta ventos adversos em meio a uma contencios­a disputa comercial com os Estados Unidos.

Os negócios da Baidu, cuja receita depende da publicidad­e de empresas chinesas de setores como varejo, serviços de saúde e outros, é um barômetro quanto à saúde do setor privado na China.

“Quanto a uma desacelera­ção possivelme­nte imensa, o que estamos dizendo no momento é que o nível de confiança do setor privado, dos empreended­ores, não é assim tão alto”, disse Robin Li, presidente-executivo da Baidu, na semana passada, em Nova York.

“Se nos dois próximos meses o nível de confiança mudar, as coisas virarão em uma direção positiva”, afirmou Li. “Mas não sabemos exatamente o que vai acontecer.”

No terceiro trimestre, a Baidu superou as estimativa­s dos analistas e registrou receita de 28,2 bilhões de yuans (R$ 15,22 bilhões), com avanço de 27% ante o mesmo período do ano passado.

O cresciment­o foi propelido em parte por uma alta no número de usuários e do tempo que eles dedicam ao app da Baidu, informou a empresa.

O lucro líquido trimestral da empresa foi de 12,4 bilhões de yuans (R$ 6,6 bilhões), 56% acima do registrado no período um ano atrás.

Mas a Baidu anunciou que é provável que o cresciment­o de sua receita se desacelere pelos próximos meses do ano. Previu que seu faturament­o cresceria entre 15% e 20% no quarto trimestre, ante o período um ano atrás, ante os 27% de cresciment­o registrado­s no terceiro trimestre.

As ações da Baidu registram queda de mais de 20% até agora neste ano, um desempenho semelhante ao dos demais gigantes da tecnologia chinesa.

Li disse que, embora o período atual talvez desperte memórias da crise financeira mundial, uma década atrás, ele o vê de maneira diferente.

“No momento, importa mais a indústria tradiciona­l, a confiança do empreended­or, e isso pode mudar rapidament­e”, disse.

“Em prazo mais longo, continuo otimista quanto ao futuro da Baidu e ao futuro da China.”

A expansão econômica da China se desacelero­u para o ritmo mais lento registrado pelo país desde a crise financeira.

Outro fator que poderia prejudicar o lucro da empresa é o aperto da regulament­ação do governo chinês sobre diversos setores, disse Herman Yu, vice-presidente financeiro da Baidu.

As regras que afetam setores como videogames, imóveis, serviços financeiro­s e comércio online podem prejudicar clientes que anunciam usando as plataforma­s da Baidu, disse Yu em conversa com analistas duran-

te o anúncio de resultados.

Na semana passada, a empresa anunciou parceria com a Volvo para o desenvolvi­mento de carros elétricos autônomos.

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