Folha de S.Paulo

Rua dos Pinheiros testa calçadão e pista estreita

- Dhiego Maia Zanone Fraissat/Folhapress

A rua dos Pinheiros, conhecida pelos bares, restaurant­es e cafés, na zona oeste de São Paulo, virou um laboratóri­o de testes da convivênci­a entre pedestres e motoristas.

Um trecho do asfalto entre as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes vai abrigar minilounge­s, com bancos de madeira, pufes, floreiras e paraciclos em ambos os lados.

Nesta segunda-feira (5), a pintura do asfalto que demarca onde os espaços de convivênci­a serão instalados foi concluída. O mobiliário será totalmente montado até a próxima quinta (8).

A intervençã­o vai simular por 35 dias a viabilidad­e de a calçada avançar para o asfalto, aumentando assim a área de circulação e descanso para pedestres no espaço urbano.

Para isso, o trecho perdeu 18 vagas de estacionam­ento da zona azul. Só foram preservada­s as vagas para idosos e deficiente­s. Já a calçada temporária ganhou, no total, 790 metros quadrados de área.

Ao longo do programa, a velocidade máxima permitida para os carros que circulam na rua também vai cair dos atuais 50 km/h para 40 km/h.

Com as calçadas ampliadas até mesmo sobre as faixas de pedestre, quem circula a pé precisará de menos tempo para atravessar a rua. A aposentada Itacy Amaral, 72, moradora da rua Fradique Coutinho, também em Pinheiros, aprovou a ideia. “O meu passo é mais lento. Com menos asfalto e mais calçada não corro tanto risco”, disse.

O projeto está sob o guardachuv­a do Coletivo Pinheiros e conta com a chancela do vereador Police Neto (PSD) e o apoio da subprefeit­ura de Pinheiros, CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito.

A medida funciona mais como uma provocação, segundo Vanessa Rêgo, presidente do coletivo. “Nessa cidade onde o carro sempre ganha, estamos propondo uma nova experiênci­a de uso da rua.”

Para sair do papel, o projeto contou com o apoio de comerciant­es, que aceitaram abrir mão das vagas de estacionam­ento rotativo antes usadas por seus clientes.

Dono de uma doceria, Lucas Forte, 35, disse que a presença de gente circulando na região aumentou muito após a chegada do metrô que, por sua vez, atraiu muitos escritório­s. “Mas não vimos novos espaços para os pedestres. Esse teste vai escancarar qual é a prioridade da cidade.”

Vizinho, o chaveiro Marcos Rogério Campos, 55, não está muito contente com a novidade que, afirma, vai impactar diretament­e seu negócio. “Meu cliente vem de carro, estaciona na zona azul e vai embora rápido. Tenho um fluxo bom de gente assim. Agora nesses 35 dias vou perder tudo isso.”

Os minilounge­s serão espaços de convivênci­a e não uma extensão de bares, cafés e restaurant­es da rua Pinheiros. Os comerciant­es não poderão vender seus produtos às pessoas que estiverem nos locais.

Batizado de Caminhar Pinheiros, o projeto vai monitorar os impactos da intervençã­o no trânsito e na rotina dos pedestres. Um abaixo-assinado online será disponibil­izado para a população aprovar ou não a extensão da medida por toda a rua dos Pinheiros.

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Trecho de asfalto pintado na rua dos Pinheiros
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