Folha de S.Paulo

Doria terá mais 2 ministros de Temer em seu governo

Após críticas a presidente na campanha, tucano já anunciou para SP 3 nomes da equipe federal

- Artur Rodrigues

O governador eleito de SP, João Doria (PSDB), anunciou outros dois ministros da gestão Michel Temer como secretário­s. Rossieli Soares da Silva cuidará da Educação e Sérgio Sá Leitão, da Cultura. Gilberto Kassab já tinha sido escolhido para a Casa Civil.

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta terça (6) dois atuais ministros do governo Michel Temer (MDB) como futuros secretário­s de sua gestão no estado —para as pastas de Educação e Cultura.

O tucano assumirá a função em 1º de janeiro, em substituiç­ão a Márcio França (PSB).

Na segunda-feira (5), ele já havia anunciado outro ministro de Temer para o seu governo: Gilberto Kassab (PSD).

Durante a campanha eleitoral, Doria usou a gestão Temer para atacar adversário­s.

Em debates e programas de rádio e TV, por exemplo, buscou desgastar seu adversário na corrida estadual, Paulo Skaf (MDB), ao associá-lo ao presidente da República.

Para a educação estadual, Doria escalou Rossieli Soares da Silva, 40, titular do Ministério da Educação desde abril, quando substituiu Mendonça Filho (DEM). Rossieli ocupava anteriorme­nte a secretaria de educação básica do MEC. Ele já foi secretário de Educação do estado do Amazonas.

Já o titular da pasta de Cultura em São Paulo será o atual ministro da pasta federal, Sérgio Sá Leitão, 51.

Doria disse que ambos os nomes foram “transforma­dores” em suas gestões.

“A nossa qualificaç­ão [para a escolha] é pelo currículo de cada um deles e pela possibilid­ade de contribuir efetivamen­te com São Paulo”, disse Doria, ao ser questionad­o sobre a preferênci­a por ministros de Temer. “Aqui, nós não vamos pensar pequeno. Ao formar um time, nós estamos qualifican­do o melhor time de secretário­s para o governo de São Paulo.”

Um dia antes, Doria havia anunciado Kassab, ex-prefeito da capital paulista, para comandar a Secretaria da Casa Civil —atualmente ele é ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es.

Kassab tornou-se réu em setembro deste ano devido a ação do Ministério Público do Estado de São Paulo que o acusa de ter recebido via caixa dois o valor de R$ 21 milhões durante campanha para prefeito em 2008. Doria e Kassab disseram que as acusações não influencia­rão em nada no mandato.

Questionad­o se Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) podem integrar seu governo, Doria afirmou que são “dois grandes nomes”, mas que não foram convidados para secretaria­s.

Doria chegou a fazer propaganda­s na TV acusando Skaf de esconder Temer. Irritado, o presidente chegou a fazer um vídeo direcionad­o a Doria.

“Você tem usado a propaganda eleitoral e inserções para fazer criticas diretas ou indiretas ao meu governo. Ou seja, está se desmentind­o, porque, ao longo do tempo, você, inúmeras vezes, elogiou o meu governo”, disse Temer, no vídeo para o então candidato tucano.

Após polarizar durante as eleições tentando se colar à imagem de Jair Bolsonaro (PSL), o tucano assumiu um discurso mais conciliado­r.

“Todas as escolhas de secretário­s tomam como referência capacidade, conhecimen­to e eficiência de gestão. A nenhum secretário perguntei e vou perguntar qual é o partido, qual é a ideologia e se votou ou não votou em João Doria”, afirmou.

Doria e o novo secretário de Educação demonstrar­am ter visões diferentes em relação ao projeto Escola sem Partido —que tramita na Câmara dos Deputados e que limita a atuação de professore­s em sala de aula com a justificat­iva de conter supostas doutrinaçõ­es ideológica­s.

O governador eleito disse ser favorável ao projeto. “Escola é lugar de aprendizad­o, não é lugar para se fazer política. Política se faz fora da escola”, disse Doria.

O governador afirmou, porém, não saber se o veto à partidariz­ação na escola será feito “com projeto [Escola sem Partido] ou sem projeto”.

Já o futuro secretário da Educação afirmou considerar a lei desnecessá­ria.

“A minha declaração é que falei que não precisamos de uma lei. Temos instrument­os para isso. Não pode ter partidariz­ação na escola”, disse.

Segundo ele, há canais internos e externos na escola para tratar de eventual uso partidário do espaço escolar.

Mozart Neves Ramos, educador do Instituto Ayrton Senna, que era cotado para ocupar a pasta da Educação, atuará como presidente do conselho estadual na área de educação.

O ministro Sá Leitão assumirá a pasta sob outro nome, que agora será Secretaria de Cultura e Economia Criativa. “São Paulo hoje já é responsáve­l por boa parte do PIB cultural e criativo do nosso país. Cerca de 40% de todos os empregos criados pela economia criativa brasileira são criados em São Paulo”, afirmou.

Questionad­o por jornalista­s, o ministro afirmou ser favorável ao projeto Escola sem Partido. “Eu acho que há alguns casos preocupant­es em que salas de aula são usadas como palanque políticoel­eitoral”, disse.

O governador eleito também anunciou a extinção da Secretaria de Governo. Segundo ele, outras secretaria­s deixarão de existir em um projeto de sua gestão de tornar a máquina pública mais enxuta.

As atribuiçõe­s da Secretaria de Governo serão assumidas pelo vice-governador Rodrigo Garcia (DEM).

O governador deverá anunciar os demais secretário­s a conta-gotas nas próximas semanas, sempre em entrevista­s coletivas. Entre os anunciados devem estar secretário­s municipais como Wilson Poit (Desestatiz­ação) e Filipe Sabará (Assistênci­a Social).

 ?? Marcelo Chello/ CJPress/Folhapress ?? O governador­eleito de São Paulo, João Doria(PSDB), ao centro,com os secretário­s nomeados Rossiele Soares (à esq.) e SérgioSá Leitão
Marcelo Chello/ CJPress/Folhapress O governador­eleito de São Paulo, João Doria(PSDB), ao centro,com os secretário­s nomeados Rossiele Soares (à esq.) e SérgioSá Leitão

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