Doria terá mais 2 ministros de Temer em seu governo
Após críticas a presidente na campanha, tucano já anunciou para SP 3 nomes da equipe federal
O governador eleito de SP, João Doria (PSDB), anunciou outros dois ministros da gestão Michel Temer como secretários. Rossieli Soares da Silva cuidará da Educação e Sérgio Sá Leitão, da Cultura. Gilberto Kassab já tinha sido escolhido para a Casa Civil.
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta terça (6) dois atuais ministros do governo Michel Temer (MDB) como futuros secretários de sua gestão no estado —para as pastas de Educação e Cultura.
O tucano assumirá a função em 1º de janeiro, em substituição a Márcio França (PSB).
Na segunda-feira (5), ele já havia anunciado outro ministro de Temer para o seu governo: Gilberto Kassab (PSD).
Durante a campanha eleitoral, Doria usou a gestão Temer para atacar adversários.
Em debates e programas de rádio e TV, por exemplo, buscou desgastar seu adversário na corrida estadual, Paulo Skaf (MDB), ao associá-lo ao presidente da República.
Para a educação estadual, Doria escalou Rossieli Soares da Silva, 40, titular do Ministério da Educação desde abril, quando substituiu Mendonça Filho (DEM). Rossieli ocupava anteriormente a secretaria de educação básica do MEC. Ele já foi secretário de Educação do estado do Amazonas.
Já o titular da pasta de Cultura em São Paulo será o atual ministro da pasta federal, Sérgio Sá Leitão, 51.
Doria disse que ambos os nomes foram “transformadores” em suas gestões.
“A nossa qualificação [para a escolha] é pelo currículo de cada um deles e pela possibilidade de contribuir efetivamente com São Paulo”, disse Doria, ao ser questionado sobre a preferência por ministros de Temer. “Aqui, nós não vamos pensar pequeno. Ao formar um time, nós estamos qualificando o melhor time de secretários para o governo de São Paulo.”
Um dia antes, Doria havia anunciado Kassab, ex-prefeito da capital paulista, para comandar a Secretaria da Casa Civil —atualmente ele é ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Kassab tornou-se réu em setembro deste ano devido a ação do Ministério Público do Estado de São Paulo que o acusa de ter recebido via caixa dois o valor de R$ 21 milhões durante campanha para prefeito em 2008. Doria e Kassab disseram que as acusações não influenciarão em nada no mandato.
Questionado se Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) podem integrar seu governo, Doria afirmou que são “dois grandes nomes”, mas que não foram convidados para secretarias.
Doria chegou a fazer propagandas na TV acusando Skaf de esconder Temer. Irritado, o presidente chegou a fazer um vídeo direcionado a Doria.
“Você tem usado a propaganda eleitoral e inserções para fazer criticas diretas ou indiretas ao meu governo. Ou seja, está se desmentindo, porque, ao longo do tempo, você, inúmeras vezes, elogiou o meu governo”, disse Temer, no vídeo para o então candidato tucano.
Após polarizar durante as eleições tentando se colar à imagem de Jair Bolsonaro (PSL), o tucano assumiu um discurso mais conciliador.
“Todas as escolhas de secretários tomam como referência capacidade, conhecimento e eficiência de gestão. A nenhum secretário perguntei e vou perguntar qual é o partido, qual é a ideologia e se votou ou não votou em João Doria”, afirmou.
Doria e o novo secretário de Educação demonstraram ter visões diferentes em relação ao projeto Escola sem Partido —que tramita na Câmara dos Deputados e que limita a atuação de professores em sala de aula com a justificativa de conter supostas doutrinações ideológicas.
O governador eleito disse ser favorável ao projeto. “Escola é lugar de aprendizado, não é lugar para se fazer política. Política se faz fora da escola”, disse Doria.
O governador afirmou, porém, não saber se o veto à partidarização na escola será feito “com projeto [Escola sem Partido] ou sem projeto”.
Já o futuro secretário da Educação afirmou considerar a lei desnecessária.
“A minha declaração é que falei que não precisamos de uma lei. Temos instrumentos para isso. Não pode ter partidarização na escola”, disse.
Segundo ele, há canais internos e externos na escola para tratar de eventual uso partidário do espaço escolar.
Mozart Neves Ramos, educador do Instituto Ayrton Senna, que era cotado para ocupar a pasta da Educação, atuará como presidente do conselho estadual na área de educação.
O ministro Sá Leitão assumirá a pasta sob outro nome, que agora será Secretaria de Cultura e Economia Criativa. “São Paulo hoje já é responsável por boa parte do PIB cultural e criativo do nosso país. Cerca de 40% de todos os empregos criados pela economia criativa brasileira são criados em São Paulo”, afirmou.
Questionado por jornalistas, o ministro afirmou ser favorável ao projeto Escola sem Partido. “Eu acho que há alguns casos preocupantes em que salas de aula são usadas como palanque políticoeleitoral”, disse.
O governador eleito também anunciou a extinção da Secretaria de Governo. Segundo ele, outras secretarias deixarão de existir em um projeto de sua gestão de tornar a máquina pública mais enxuta.
As atribuições da Secretaria de Governo serão assumidas pelo vice-governador Rodrigo Garcia (DEM).
O governador deverá anunciar os demais secretários a conta-gotas nas próximas semanas, sempre em entrevistas coletivas. Entre os anunciados devem estar secretários municipais como Wilson Poit (Desestatização) e Filipe Sabará (Assistência Social).