Folha de S.Paulo

Futuro ministro nega renegociaç­ão da dívida interna

- MC, BC e GU

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (6) que não pretende renegociar a dívida interna, como sugerido por Jair Bolsonaro (PSL).

Em entrevista à TV Band, na segunda-feira (5), o presidente eleito dissera que a dívida, de R$ 4 trilhões, era impagável não fosse a renegociaç­ão a ser conduzida por Guedes. Isso alarmou investidor­es sobre um possível calote.

O futuro ministro, no entanto, classifico­u o episódio de mal-entendido.

“Durante a campanha eu falei que a despesa de juros era demasiada, não é razoável o Brasil gastar R$ 100 bilhões de juros por ano. Falei tantas vezes que talvez o presidente tenha pensado em renegociar”, disse.

“Mas isso está fora de questão, não se pensa nisso. Isso não é o problema, isso não existe. O que existe é preocupaçã­o com a dívida.”

Segundo Guedes, a despesa com juros virou uma bola de neve por falta de controle dos gastos do governo, que usou apenas a política monetária (juros) para conter a inflação e não acionou a âncora fiscal.

Para reverter essa espiral, Guedes pretende privatizar estatais e controlar gastos.

“Vamos fazer como as empresas fazem. Elas vendem ativos e não deixam a dívida crescer”, afirmou, ao usar como exemplo a Petrobras, que, após a explosão da dívida, anunciou um plano de venda de ativos, ainda não concluído.

Guedes também defendeu a privatizaç­ão da Eletrobras, como forma de viabilizar investimen­tos e evitar apagões em regiões onde as distribuid­oras são deficitári­as, como o Amazonas.

Também nesta terça, o presidente Michel Temer afirmou que o déficit do setor público de 2018 pode ser R$ 20 bilhões inferior ao previsto no início do ano.

Caso a estimativa se confirme, a meta fiscal, que era um saldo negativo de R$ 159 bilhões, ficará em cerca de R$ 139 bilhões.

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