Deputados e Ilan discutem votar independência do BC

Acordo pode levar a pauta a plenário ainda neste ano, dizem parlamentares

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Banco Central, Ilan Goldfajn, se reuniram nesta quarta-feira (7) com todos os líderes partidários para debater a possibilidade de votação ainda em 2018 do projeto de independência do banco.

Segundo deputados que participaram da reunião, houve amplo consenso a favor da medida, que já começaria a ser discutida nas próximas semanas. Apenas os partidos de esquerda se manifestaram contra.

“Ele [Ilan] afirmou que participa de fóruns internacionais e que o Brasil é o único país que não tem um BC independente”, afirmou o deputado Fernando Monteiro (PP-PE).

“Segundo sua explanação, dos 50 países mais desenvolvidos, o Brasil é um dos poucos, se não o único, em que não há essa independência”, afirmou o ex-ministro e deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Líder da terceira maior bancada da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou ter havido consenso de que o projeto está maduro para ser colocado em votação na Câmara a partir da próxima semana.

Da oposição, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou não ter havido acordo para votação.

Maia, que tenta a reeleição ao cargo, é a favor do projeto.

Segundo o texto, presidentes e diretores do BC teriam mandato de quatro anos, não coincidentes com o do presidente da República.

Ainda de acordo com deputados que participaram da reunião, o presidente do BC disse considerar salutar a não coincidência de mandatos.

Atualmente o presidente e os diretores do BC podem ser exonerados pelo chefe do Executivo a qualquer tempo.

Ilan saiu sem falar com a imprensa. De acordo com os deputados, ele colocou toda a equipe técnica do BC à disposição dos parlamentares e ficou de voltar para conversar com os deputados em uma nova oportunidade.

O relator do projeto de autonomia do BC, o deputado Celso Maldaner (MDB-SC), também estava na reunião.

Há ainda possibilidade de Ilan permanecer no posto no governo Jair Bolsonaro (PSL), que defende a independência do BC. Segundo deputados, o presidente do BC não falou sobre esse assunto.

Na terça-feira (6), Bolsonaro disse que “pode ser o Ilan”, mas delegou ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, os anúncios sobre a presidência do órgão.