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CAIO CALFAT
Engenheiro e titular da Caio Calfat Real Estate Consulting, Caio Calfat atua nas áreas de planejamento, desenvolvimento e gestão de empreendimentos imobiliários, hoteleiros e turísticos. Desde 2009 ocupa o cargo de vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Sindicato da Habitação (Secovi-SP). Ele é fundador e membro da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário do Brasil (Adit Brasil), professor de cursos de MBA em importantes instituições de ensino, além de ser autor do livro “Hotelaria e Desenvolvimento Urbano em São Paulo – 150 Anos de História”.
1 – Em geral, o Brasil está sofrendo com a superoferta na hotelaria? Quais são as praças mais problemáticas? Os últimos seis anos foram bem turbulentos no nosso País: passamos de um período de crescimento econômico, euforia, mercados imobiliário e hoteleiro superaquecidos, preços nas alturas e necessidade urgente de nos prepararmos melhor para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, para uma fase de depressão, inflação, queda de demanda, crises política, econômica e de credibilidade, denúncias e enfraquecimento nos três poderes, consequente queda nos preços, setor imobiliário na maior crise de sua história, convivendo com uma novidade extremamente nociva: os rompimentos unilaterais de contratos dos imóveis adquiridos e em construção. Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Cuiabá (MT), Salvador (BA), Brasília (DF), Ribeirão Preto (SP), Santos (SP), São Bernardo do Campo (SP), e Barueri (SP) são exemplos de cidades que apresentam performance muito ruim.
2 – Se for aprovado, de que forma o Projeto de Lei 54/2017, que regulamenta as propriedades de tempo compartilhado, pode influenciar o mercado? O objetivo do Projeto de Lei 54/2017 é oferecer segurança jurídica aos mercados imobiliário e hoteleiro na gestão deste modelo de empreendimento. Este mercado está em franca expansão, em desenvolvimento em pelo menos 28 cidades e 12 estados brasileiros, produzindo um investimento total de R$ 11 bilhões nestes últimos anos, período em que o mercado imobiliário viveu seus piores anos da história. E, agora que os empreendedores procuram as raras oportunidades de negócios existentes, esta se mostra como uma das melhores alternativas.
3 – Você acha que o crescimento de plataformas de economia compartilhada, como o Airbnb, desencoraja o investimento hoteleiro de alguma forma? Você sugere um modelo para a regulamentação dessa atividade? O Airbnb e outras plataformas semelhantes que surgem diariamente, são uma realidade no mercado e vieram para ficar. As situações mais agudas ocorrem em ocasiões que a cidade recebe um grande evento e seu parque hoteleiro é insuficiente e caro. No Rio de Janeiro, durante os Jogos Olímpicos, o Airbnb cumpriu um papel importantíssimo: a plataforma disponibilizou várias opções de hospedagem mais baratas nas zonas Norte e Oeste da cidade, o que possibilitou que muitos turistas pudessem acompanhar a competição: cerca de 78 mil hóspedes foram atendidos pelo serviço durante o período, o que certamente não ocorreria se houvesse somente o parque hoteleiro do Rio como alternativa de hospedagem. Entretanto, como ocorre nas principais capitais do mundo, há necessidade de se regulamentar, estabelecer responsabilidades, direitos e deveres. Acreditamos que este é, de fato, o maior mercado concorrente dos hotéis e que pode vir a desencorajar o investimento em novos projetos. Para se evitar isso, entendemos que há a necessidade de estabelecer limites e recolhimento dos tributos correspondentes, visando a geração de empregos que esta atividade pode proporcionar.