IBGE: 210 cidades de MG têm redução na população
Serra da Saudade, em Minas Gerais, é o município brasileiro com a menor população, apenas 812 habitantes
Na cidade, pequenos comércios e pouca diversidade no setor de serviços. Indústrias e empresas de médio porte: praticamente não existem. Com pouca oferta de emprego, cada vez mais pessoas abandonam os municípios menores em busca de oportunidade de crescimento profissional. E essa migração para regiões mais desenvolvidas causa impacto na taxa populacional: dados divulgados pelo IBGE mostraram que, entre 2016 e este ano, cerca de 25% das cidades mineiras encolheram. Em todo o Estado, 210 localidades tiveram queda de até 2% na quantidade de habitantes.
É o caso de Barra Longa, na Zona da Mata, que registrou uma redução populacional de 1,51% – o número de habitantes passou de 5.710 para 5.624 em um ano. Com a economia baseada na pecuária leiteira e na prestação de serviços, os mais jovens deixam a cidade cada vez mais cedo para estudar e conseguir uma fonte de renda. “Quando atingem a idade de trabalhar, eles são obrigados a abandonar as famílias para buscar emprego em outras cidades. É um problema antigo”, alegou o prefeito, Elísio Pereira (PMDB).
Aliado a isso, há outro agravante: há pouco mais de um ano e meio, Barra Longa foi atingida pela lama de rejeitos da barragem de Fundão, a pouco mais de 90 quilômetros de distância. A tragédia destruiu praticamente toda a parte baixa da área urbana e afetou o comércio e a rotina da cidade por um longo período.
“Tínhamos diversas obras de recuperação realizadas pela Fundação Renova em andamento, o que gerava emprego e arrecadação para a prefeitura. Mas, desde o final do ano passado, elas estão paralisadas e sem previsão de retorno. Ainda há 160 casas, parque de exposições e um campo de futebol para serem entregues. Não temos mais um local para fazer eventos, o que gerava renda para a população. Com toda a certeza, fomos o município mais atingido”, enfatizou Pereira. A Fundação Renova, responsável pelas ações de reparação na bacia do Rio Doce, informou que as obras “sofreram uma diminuição no ritmo em decorrência da necessidade de fazer uma transição de contratos, sem haver uma paralisação completa”.
Menos de 10 mil habitantes
De acordo com o levantamento do IBGE, o problema acontece principalmente nos municípios com menos de 10 mil habitantes. “Eles perdem população para as cidades maiores. Parte vai em busca de ren- da e educação”, confirmou a demógrafa do instituto, Luciene Longo. No sentido oposto, Nova Serrana, no Centro-Oeste, registrou crescimento de 2,5%, maior do Estado. A população da capital mineira do tênis esportivo saltou de 92,3 mil para 94,6 mil em apenas 12 meses. O motivo: a movimentação econômica gerada pelas quase mil indústrias produtoras de calçados.
“Minas, assim como o Brasil, tem taxas de crescimento populacional decrescentes, como consequência da menor fecundidade”, disse Luciene.
A menor cidade do país
Pelo quinto ano seguido, Minas tem a cidade com a menor população do país: Serra da Saudade, também no Centro-Oeste, conta com 812 habitantes. E a região está encolhendo: na nova contagem do IBGE, perdeu três moradores, uma redução de 0,37%. Com apenas cinco ruas e 11 pontos comerciais, a maior fonte de renda é a prefeitura, que emprega mais de 220 pessoas. O orçamento previsto para o Executivo neste ano é de apenas R$ 17 milhões – 0,14% do gasto anual da prefeitura de Belo Horizonte.