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Para deputado do PPS, ‘fundão’ é tentativa de salvação dos grandes partidos

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No Congresso, o primeiro a gritar contra o acordo dos sete partidos (PMDB, PSDB, DEM, PSB, PP, PR e PSD) foi o deputado Roberto Freire (PPS-PE). “A criação desse ‘fundão’ e a tentativa de impor cláusulas de desempenho para os partidos é uma reação das quatro grandes legendas ao seu processo de desmantela­mento”, diz ele, se

●referindo ao PMDB, PSDB, PT e PP, as maiores bancadas da Câmara, que têm uma fila de políticos nas listas da Odebrecht e da JBS. “O que eles querem é evitar que a população busque alternativ­as”, diz o ex-ministro da Cultura do governo Temer.

O mundo político tem buscado uma saída para bancar as custosas campanhas eleitorais desde o veto do financiame­nto por empresas, em 2015. O valor de R$ 3,5 bilhões para o ‘fundão’ , com o qual o senador Romero Jucá trabalha, é metade do gasto total estimado dos candidatos nas eleições a deputado, senador, governador e presidente em 2014.

Em 2016, no entanto, as campanhas para prefeito já seguiram padrões bem mais modestos. “Foi mais igualitári­o”, garante Freire, que disputa eleições desde 1972.

O advogado Fernando Neisser discorda. “O fundão pode evitar a catástrofe que foi a eleição para prefeito. Em muitos casos, os milionário­s foram beneficiad­os”, diz ele, lembrando o caso do prefeito de São Paulo, João Doria, que bancou a própria eleição.

Vianna, do MCCE, afirma que o ‘fundão’ vai manter a dificuldad­e de fiscalizaç­ão de possíveis usos de Caixa 2, já que os recursos tendem a ficar dispersos entre milhares de candidatur­as. Para Neisser, é “praticamen­te indiferent­e”. “O problema maior é que dinheiro público vicia. O ideal seria o partido ir atrás do eleitor, para que cada cidadão colaborass­e com as causas com que se identifica”, diz. “Esse formato afasta mais os partidos dos eleitores. Ninguém escolhe para onde vai o dinheiro”.

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