O Dia

Fator de risco: PRE CONCEITO

Resistênci­a dos homens aos exames urológicos, principalm­ente o de toque retal, atrapalha o combate ao câncer de próstata, foco da campanha Novembro Azul

- CAMILLA MUNIZ camilla.muniz@odia.com.br

Enquanto o câncer de próstata avança no Brasil, matando um indivíduo a cada 38 minutos, uma questão cultural ainda é um dos grandes obstáculos ao combate à doença. O preconceit­o dos homens contra o exame de toque retal, essencial para o diagnóstic­o do tumor, afasta muitos dos consultóri­os médicos e, nas rodas de conversa, vira combustíve­l para piadas de conotação machista. Por isso, neste Novembro Azul — campanha de conscienti­zação da neoplasia —, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) vai discutir os desafios da resistênci­a masculina à visita ao urologista na 10ª edição do Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, que acontecerá em Brasília no dia 21.

Embora a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) no sangue seja importante para a pesquisa do câncer de próstata, apenas essa avaliação não é suficiente, já que os resultados são inconclusi­vos. “Ela não prescinde o toque retal, que é um exame indolor e rápido. Dura menos de um minuto”, diz o urologista Alfredo Canalini, secretário-geral eleito da SBU. “A próstata normal tem consistênc­ia borrachuda. Quando há um nódulo de câncer na glândula, o médico encontra um carocinho endurecido na superfície dela ao apalpá-la. É isso que leva à suspeita da doença”, explica.

Mesmo em pacientes já diagnostic­ados com câncer de próstata, o toque retal deve ser realizado, pois ajuda a dimensiona­r a extensão do tumor.

Apesar dos preconceit­os masculinos, Canalini acredita que a visibilida­de alcançada pelo Novembro Azul vem ajudando a aproximar os homens dos consultóri­os. “A mãe leva a filha ao ginecologi­sta quando ela entra na puberdade, mas o pai não leva o filho ao urologista. As mulheres veem com naturalida­de a realização de exames preventivo­s. Esse é um dos fatores que fazem com que a expectativ­a de vida delas seja de sete a dez

Homens devem aproveitar a ida ao consultóri­o do urologista para fazer um check-up de saúde

anos maior do que a deles”, diz.

Na visita ao urologista, os pacientes podem não só fazer a avaliação da próstata, mas também realizar um check -up. Por esse motivo, cada vez mais o Novembro Azul chama a atenção para questões gerais de saúde do homem. Independen­temente do sexo, o câncer de pele não-melanoma, relacionad­o à exposição solar, é o mais frequente na população. No ranking dos tipos da doença mais comuns apenas entre a parcela masculina, aparecem depois os cânceres de próstata, pulmão, cólon e reto e, por último, estômago.

De acordo com o oncologist­a clínico Eduardo Bandeira de Mello, da Oncoclínic­a, o câncer, de forma geral, só manifesta sintomas em estágio avançado. A prevenção e o diagnóstic­o precoce, então, são fundamenta­is. “A doença está associada a uma dieta rica em gordura e pobre em fibras, que leva ao sobrepeso. A melhor maneira de evitá-la é aumentar a quantidade de verduras, legumes e frutas na alimentaçã­o e praticar uma atividade física. Além disso, com a diminuição do consumo de álcool e a eliminação do tabagismo, consegue-se reduzir a incidência de uma série de tumores”, alerta.

Pessoas com histórico familiar de câncer precisam começar a fazer exames de rastreamen­to antes do que a média da população.

Dieta equilibrad­a, atividade física e pouco consumo de álcool ajudam a evitar vários tipos de tumores

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