O Dia

Fundo para levantar informaçõe­s sobre juiz da Lava Jato seria de R$ 5 milhões

Dinheiro pagaria servidores para que levantasse­m informaçõe­s em banco de dados governamen­tais

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Cinco milhões de reais seria o valor angariado para financiar a montagem de um dossiê contra o juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, e integrante­s da força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF), no Rio. O dinheiro que teria formado um fundo milionário seria para pagar, principalm­ente, servidores públicos para levantar as informaçõe­s em banco de dados governamen­tais. Pelo menos, esta é a denúncia investigad­a pela Polícia Federal. O ex-governador Sérgio Cabral, preso em novembro de 2016, é acusado de estar por trás do plano, que teria o objetivo de desmoraliz­ar a atuação do grupo.

Cabral negou as acusações em depoimento a Bretas, quarta-feira, sobre a operação Fratura Exposta, que em abril prendeu o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. Mas a Polícia Federal apura quem participar­ia como colaborado­r do fundo. A Corregedor­ia da Polícia Civil abriu procedimen­to para investigar os agentes que entraram no Portal da Segurança para buscar dados sobre Bretas e seus familiares, com base em auditoria da Secretaria de Segurança Pública. Semana que vem, sete agentes serão convocados para ser ouvidos no órgão.

CONSULTAS EM 2017

No primeiro momento, a investigaç­ão da Corregedor­ia da Polícia Civil vai se concentrar nos agentes que fizeram pesquisa em setembro, como aconteceu na 22ª DP (Penha), e outubro na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedad­e Imaterial (DRCPIM). Há a informação, por exemplo, de que um dos policiais teria emprestado a sua senha, sem saber, para outro que buscou os dados sobre o magistrado­s. As pesquisas sobre informaçõe­s relacionad­as ao juiz começaram em agosto de 2013. No ano seguinte continuara­m com levantamen­tos sobre parentes, como dados sobre a mulher de Bretas, que também é juíza. Há ainda registro de uma pesquisa feita por alguém que não é policial civil e nem militar.

Mas há muito a ser explicado. Até uma agente aposentada procurou no sistema informaçõe­s sobre parente de Bretas, assim como uma oficial de cartório. O maior cerco a ser fechado, no entanto, é contra quem buscou dados sobre o juiz depois de novembro de 2016, mês da prisão de Cabral.

O sinal de alerta foi acionado para Bretas em audiência no mês passado, quando Cabral era ouvido na ação penal na qual é acusado de fazer compras de R$ 4,5 milhões na H.Stern para lavar dinheiro, declarou que a família do juiz tinha negócios no ramo de joias. A afirmação foi vista como uma ameaça ao magistrado. O que motivou decisão de Bretas determinan­do transferên­cia de Cabral para presídio federal. Mas o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, decidiu, em liminar, mantê-lo no Rio.

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MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO O Juiz Marcelo Bretas é responsáve­l por julgar diversas ações em que Sérgio Cabral é réu no âmbito da Lava Jato no Rio de Janeiro
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FÁBIO MOTTA /ESTADÃO CONTEÚDO Cabral negou dossiê em audiência com Bretas na quarta-feira

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