O Dia

PGR considera coação contra miliciano no Caso Marielle

PGR considerou suposta coação da Polícia Civil a Orlando Curicica para acionar a PF

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Pressão sobre Orlando Curicica para assumir autoria do assassinat­o da vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, teria sido feita por integrante da Polícia Civil.

Em depoimento a procurador­es federais no dia 22 de agosto, o ex-PM Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, afirmou ter sofrido pressão da Polícia Civil do Rio para assumir que matou a vereadora Marielle Franco (Psol). Esse foi um dos motivos que levaram a Procurador­ia-Geral da República (PGR) ter solicitado à Polícia Federal apuração de possíveis omissões na investigaç­ão. O pedido da PGR considerou indícios de má conduta e falta de isenção no caso.

A investigaç­ão da PF foi aberta na quinta-feira. No documento, obtido pela TV Globo, a PGR afirma que o depoimento de Curicica e de outra pessoa mantida sob sigilo, em 15 de setembro, apontam a atuação de milícias, proteção policial ilegal a criminosos, existência de organizaçã­o criminosa formada por agentes públicos e integrante­s do jogo do bicho e possível desvio de conduta de policiais do Rio. Orlando está preso em Mossoró (RN) desde junho e é um dos principais suspeitos pelas mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ele nega a participaç­ão no crime.

A PGR suspeita que esse cenário pode explicar a demora na elucidação do crime. Para o órgão, é suspeito um crime registrado por câmeras e visto por testemunha­s não ter sido desvendado desde 14 de março, inclusive porque Marielle denunciava violência policial.

O inquérito da PF vai investigar organizaçã­o criminosa, coação no curso do processo, fraude processual, favorecime­nto pessoal, patrocínio infiel (trair, na condição de advogado ou procurador, o dever profission­al), exploração de prestígio (obter para si ou outrem vantagem no exercício da função), falsidade ideológica e eventual corrupção.

Ontem, entidades representa­tivas dos delegados do Rio criticaram a investigaç­ão paralela da PF. A Polícia Civil não comentou o teor do documento da PGR.

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REPRODUÇÃO DO FACEBOOK
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RENAN OLAZ / DIVULGAÇÃO Falta de isenção pode explicar demora para resolver o crime, diz PGR

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