Presidente eleito ouve recados no Congresso
Raquel Dodge cita em discurso respeito a minorias e liberdade de imprensa
No primeiro dia de presidente eleito em Brasília, Jair Bolsonaro ouviu recados do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e, principalmente, da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que, em discurso diante do futuro ocupante do Planalto, frisou que “não basta reverenciar” a Constituição “em atitude contemplativa, mas é preciso cumpri -la” e citou questões como o meio ambiente, respeito às minorias e liberdade de imprensa. O presidente eleito não aplaudiu.
Bolsonaro participou de sessão solene no Congresso para comemorar os 30 anos da Constituição ao lado dos presidentes dos três Poderes. Sentado à ponta da mesa do plenário, o presidente eleito fez um rápido pronunciamento às autoridades e parlamentares. Disse que a Constituição é “o único norte”.
O ministro Dias Toffoli, por sua vez, segurou a Constituição e cobrou de Bolsonaro: “Vossa Excelência estava exatamente com esta Constituição à mão e celebrando que, uma vez eleito, iria cumprir, como vai cumprir, a Constituição e as leis do Brasil”.
O discurso da procuradora-geral, Raquel Dodge, pontuou direitos fundamentais previstos na Carta Magna e trouxe referências a temas sobre os quais Bolsonaro já fez declarações polêmicas. Ela enfatizou a defesa dos direitos humanos, das minorias e do meio ambiente, previstos na Constituição, reputando-os como objetivos fundamentais da República. Bolsonaro já relativizou esses temas em diversas declarações ao longo de anos na Câmara dos Deputados e durante a campanha presidencial.
A procuradora-geral também frisou a pluralidade étnica e mencionou os povos nativos. “O Ministério Público é o defensor da sociedade, do interesse público, combate o crime e defende direitos fundamentais”, afirmou Raquel Dodge.
Em seu discurso, ela assinalou ainda a necessidade de liberdade de imprensa e de cátedra. “Muito se avançou desde a Constituição de 1988 e, por isso, é importante celebrá-la, para que se mantenha viva, aderente aos fatos, fazendo justiça e correspondendo à vida real da Nação.