O Estado de S. Paulo

Há dúvida sobre em que pé estará a retomada quando a campanha eleitoral esquentar.

Mudança foi aprovada no mesmo dia em que o conselho garantiu apoio ao plano de recuperaçã­o sustentado por atuais acionistas da operadora

- Cida Damasco

O Comitê Internacio­nal de Detentores de Bônus da operadora Oi – que está em recuperaçã­o judicial, com dívida estimada em R$ 64 bilhões – considera a aprovação de mudanças na proposta de recuperaçã­o judicial da empresa pelo conselho de administra­ção uma “inaceitáve­l violação” de padrões de governança corporativ­a, segundo nota divulgada ontem.

O conselho da operadora aprovou na sexta-feira um acordo proposto por um pequeno grupo de credores conhecido como G6, que vinha negociando com a controlado­ra Pharol SGPS – antiga Portugal Telecom – e com o acionista minoritári­o Nelson Tanure, que tem participaç­ão na companhia por meio do fundo Société Mondiale. A proposta foi discutida no mesmo dia em que o conselho decidiu apoiar o plano de recuperaçã­o judicial costurado pelos atuais acionistas da tele.

Por meio de comunicado, o Comitê Internacio­nal de Detentores de Bônus da Oi diz que as ações do conselho foram adotadas para “forçar” a aceitação de um plano visando a “defender os interesses dos atuais acionistas minoritári­os controlado­res em detrimento de todos os demais agentes envolvidos e da própria companhia”.

O grupo de credores ainda convocou todas as partes interessad­as no processo a agir para “desfazer essa manobra claramente ilegal” e aprovar um plano que reúna apoio de todos os envolvidos.

Busca por aval. As mudanças propostas para o plano de recuperaçã­o judicial devem ser apresentad­as à Justiça do Rio de Janeiro, que supervisio­na o processo de recuperaçã­o, o maior já visto na América Latina. Assim que os termos forem entregues à corte, a Oi buscará o aval dos credores em assembleia na próxima sexta-feira, quando o futuro da empresa deve ser decidido.

No entanto, a maior parte dos credores vem se posicionan­do abertament­e contra a posição de Tanure e dos atuais acionistas da companhia. A Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel), órgão para o qual a Oi deve cerca de R$ 20 bilhões, também é contrária ao modelo atual, que inclui as dívidas com a agência na recuperaçã­o judicial.

O processo de recuperaçã­o judicial se arrasta desde junho de 2016 e o governo já acenou com a possibilid­ade de intervir na operadora, embora diga que essa é uma “última opção”.

Na semana passada, as ações da Oi tiveram forte alta com a notícia de uma proposta conjunta da China Telecom e do fundo americano TPG, que estariam dispostos a investir R$ 10 bilhões na empresa. Segundo fontes, trata-se da saída preferida do Planalto para os problemas da operadora de telecomuni­cações.

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