Verdades e mentiras
Para quem andava desacreditado do futebol, como eu, particularmente deste Campeonato Brasileiro, com jogos ruins e nível técnico de dar dó, o dérbi em Itaquera me deu um certo alento. Corinthians e Palmeiras fizeram um jogo emocionante, empolgante, de muitos gols (cinco) e, claro, polêmicas na arbitragem – ingredientes capazes de alimentar uma semana de discussão sem saber ao certo quem está com razão e quem não está. Cá entre nós, como deve ser o futebol.
O clássico na Arena Corinthians, diante de corintianos apaixonados e temerosos, porém, teve verdades incontestáveis. A primeira delas é que o Corinthians foi superior. A segunda é que esse Palmeiras, de muitos Egídios, continua a gerar desconfiança em seu torcedor. Convenhamos, não deve ser fácil pisar num estádio repleto de torcedores rivais, salvo um ou outro camuflado e, se preciso for, abraçando adversários só para não dar na cara.
Outra verdade do clássico é que time nenhum é líder por tanto tempo no campeonato por acaso, como é o Corinthians, agora com seis pontos à frente de seus concorrentes, que mais uma vez trocaram de lugar na classificação. Se era o Palmeiras que perseguia o líder, já não é mais. O posto após 32 jogos pertence agora ao Santos e depois, na sequência, ao Grêmio. O Palmeiras, como queriam e comentavam seus atletas, está no G-4 – quarta colocação.
Para não dizer que só disse verdades do dérbi, vai aqui uma mentira: o juiz fortão Anderson Daronco, e seus aliados vestidos de preto no Itaquerão. Todos os jogos são importantes para as equipes que entram em campo, mas no caso deste Corinthians e Palmeiras, o resultado não poderia ser questionado por erro de arbitragem, como no gol de Romero, em impedimento. A polêmica ainda envolve o pênalti de Edu Dracena em Jô. Achei que foi, mas poderia não ter sido. No fundo, o lance é discutível. Houve uma série de micro faltas dadas e não dadas, para os dois lados.
Outra mentira, para não dizer que só digo da arbitragem, é essa condição que deram ao Palmeiras, e não só dada pelo palmeirense, de que o time tinha competência para arrancar a taça do Corinthians depois da demissão de Cuca, efetivação de Valentim e três vitórias seguidas na competição. Que mentira! Quem é que inventou isso? Esse Palmeiras é fraco, de jogadores duvidosos, alguns sem condições de vestir a camisa do time, e que amarela nas decisões. Foi assim no Paulista, Libertadores e Copa do Brasil. Por que seria diferente no Brasileiro num clássico decisivo na casa do seu maior adversário?
O futebol nos empolga. E é assim que tem de ser a cada rodada. Verdades e mentiras nos alimentam e nos fazem gostar cada vez mais desse esporte que nos toma tempo o ano inteiro. O herói de hoje vai ser, sem dúvida, o vilão de amanhã. Como o contrário também é verdadeiro. Por isso que continuamos respeitando todos eles que fazem o espetáculo dentro de campo. Se nada acontecer entre verdades e mentiras no restante da temporada, com seis pontos de vantagem e seis rodadas para o fim da disputa, a volta olímpica do Corinthians está bem próxima de ser dada, talvez em mais duas jornadas. Merecida.
São Paulo. Longe da zona de rebaixamento e mais maduro, como queria o meia Hernanes, o São Paulo pode se dar ao direito, agora, de pensar sim em Copa Libertadores. Por que não? Afinal, a equipe está em nono lugar, com 43 pontos.
O Corinthians foi melhor. O Palmeiras é um time que amarela. E a arbitragem...
Marin. Hoje começa o julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, nos EUA, acusado de ter recebido propina. O esporte brasileiro, que amamos tanto, volta para o banco dos réus. Todos os chefões dos últimos tempos estão ameaçados de prisão e de ter de devolver o dinheiro dos supostos roubos.