O Estado de S. Paulo

Diluir fatia na Eletrobrás é preocupaçã­o do governo

Segundo ministro, se emissão de ações não for suficiente para reduzir fatia do governo de 60% para 40%, pode ser feita uma nova venda de papéis

- Célia Froufe ENVIADA ESPECIAL / MADRI

A equipe econômica está disposta a usar todas as ferramenta­s para reduzir a participaç­ão da União na Eletrobrás, afirmou ontem o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, em Madri, onde participar­á de reuniões com potenciais investidor­es no setor de infraestru­tura, com vistas a divulgar os leilões que o governo tem programado­s. A viagem oficial, que ainda incluirá uma passagem pela Itália, vai tentar destacar o atual cenário de recuperaçã­o da economia brasileira.

O primeiro passo será uma emissão de ações da estatal, atualmente em fase de definição. Pelos cálculos do ministro, a operação deve fazer com que a fatia do governo caia de pouco mais de 60% das ações com direito a voto para cerca de 40%.

Caso a emissão seja insuficien­te para atingir esse resultado, o governo partirá para uma nova venda direta de papéis. Segundo ele, a maior preocupaçã­o do governo hoje é a de que a diluição da União não ocorra mesmo com emissão de ações.

Para o mercado financeiro, a redução de 60% para 40% vai na direção correta – mas, mesmo assim, o consenso é que a participaç­ão estatal na companhia ainda continuari­a a ser expressiva. “(A redução da participaç­ão do governo para 40%) não é um target (objetivo) nosso, ao contrário. Mas é que, pelo tamanho do aumento de capital pela emissão de ações, dificilmen­te vai diluir mais do que isso”, explicou o ministro.

Para que a fatia estatal seja reduzida para algo mais perto de 20% ou 30%, de acordo com Oliveira, seria preciso um fluxo “enorme”, dado o alto valor de mercado da companhia. “A participaç­ão do governo na Eletrobrás vai continuar sendo alta, mas se houver risco de a participaç­ão do governo não ser diluída, aí sim pode ser que se venda uma pequena parcela.”

Previdênci­a. Em relação à reforma da Previdênci­a, o ministro reforçou que o ideal seria que a aprovação ocorresse ainda este ano. Ele enfatizou que, para quem tem projeto político para a eleição presidenci­al de 2018, a mudança das regras ainda na administra­ção de Michel Temer é o cenário mais favorável. “Quanto mais tarde se fizer a reforma da Previdênci­a, pior será, pois (a medida) terá de ser mais dura”, previu.

Dyogo prometeu também ser rígido em relação às ameaças de greve que estão sendo feitas por servidores da Receita Federal em função de uma regulament­ação sobre o pagamento de bônus da categoria.

Na opinião do ministro, não há sentido uma paralisaçã­o de funcionári­os bem remunerado­s, que tiveram aumento de salário acima da inflação e ainda receberão um bônus de R$ 3 mil. “Não vejo motivo para ninguém que está ganhando bem entrar em greve”, disse, acrescenta­ndo que, se um movimento nessa direção ocorrer, solicitará que a Justiça considere a paralisaçã­o abusiva.

Intenção

“Temos de seguir a agenda que temos, que é a de reformas estruturai­s, microeconô­micas e de fomento ao setor privado.” Dyogo Oliveira MINISTRO DO PLANEJAMEN­TO

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-1/11/2017 Meta. Ministro tenta atrair investimen­tos em infraestru­tura

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