Liberado na Bélgica, líder catalão poderá coordenar separatistas
Partido de Puigdemont estuda alianças para disputar eleição antecipada convocada pelo governo espanhol
O líder destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, foi liberado ontem da custódia na Bélgica. Assim, Puigdemont, que deixou a Espanha no mês passado após as autoridades de Madri destituírem seu governo separatista e dissolverem o Parlamento catalão, está livre para fazer campanha pela independência antes da eleição regional marcada para 21 de dezembro.
Um tribunal de Bruxelas determinou ontem que ele poderia permanecer em liberdade na Bélgica até ouvir as acusações de rebelião feitas pelo governo espanhol. No entanto, Puigdemont não poderá deixar o país e terá de se apresentar à Justiça belga no dia 17. Contudo, ele poderá coordenar o movimento separatista da Bélgica.
O ex-governador catalão parece já ter começado sua campanha contra o governo da Espanha. Ontem, ele criticou o governo de Madri: “Em liberdade e sem fiança. Nosso pensamento está com os companheiros injustamente detidos por um Estado afastado da prática democrática”, tuitou Puigdemont.
O chanceler belga, Didier Reynders, criticou as declarações de Puigdemont e lhe pediu que “deixe a Justiça trabalhar” e que pare de acreditar “que poderá influenciar no que ocorre na Espanha”. “É preciso deixar a Justiça belga e a Justiça espanhola fazerem seu trabalho”, indicou Reynders.
A eleição convocada pelo governo espanhol está tomando a forma de um novo referendo de independência. O Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCat), de Puigdemont, e outras legendas separatistas disseram no fim de semana que podem concorrer com uma candidatura única, mas precisarão tomar uma decisão sobre qualquer aliança formal – que pode incluir outros partidos – até hoje.
No entanto, alianças também podem ser formadas após a eleição. A tentativa de independência da Catalunha tem arrastado a Espanha para sua pior crise política desde o retorno à democracia há quatro décadas e dividido profundamente o país, alimentando sentimentos anti-Espanha na Catalunha e tendências nacionalistas em outros lugares.
Puigdemont entregou-se à polícia belga no domingo, com quatro de seus ex-ministros, após a Espanha emitir mandados de prisão por rebelião e mau uso de recursos públicos. /