O Estado de S. Paulo

4 PERGUNTAS PARA...

- infectolog­ista e coordenado­r do Ambulatóri­o de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas

Jessé Alves,

1.

É natural que se registre mortes de macacos em outras regiões da capital (além da zona norte)?

Sempre existe comunicaçã­o entre áreas que são resquícios de florestas e há comunicaçã­o entre populações de macacos. Quando existe epizootia, que é a presença da febre amarela entre os animais, há uma movimentaç­ão geográfica. A tendência é que sempre se expanda até que, por algum equilíbrio ou pela morte da população de macacos, o fenômeno perca a força. O que a gente viu em Minas foi um movimento ao longo das matas ciliares, ao longo dos rios.

2.

Pensando no tamanho da população da zona leste, a preocupaçã­o é maior? A população que fica vulnerável é a população que está próxima da área de reserva. E a zona leste também tem uma grande região muito árida, sem floresta nenhuma.

3.

Isso significa que pessoas que não estão no entorno dos parques fechados não precisam se vacinar? Minha visão é exatamente essa. Quem não precisa se deslocar para essas áreas deve esperar a recomendaç­ão das autoridade­s de saúde. É uma região muito populosa e imagino que, se houver corrida aos postos, será difícil dar vazão ao atendiment­o.

4.

O fato de a doença se aproximar da capital pode favorecer que ela se torne mais urbana?

Essa é a preocupaçã­o principal. Primeirame­nte, ter mosquitos Aedes próximos dessas áreas urbanas (com contaminaç­ão) que poderiam picar macacos (infectados). Acho pouco provável, mas é teoricamen­te possível. E segundo: ter pessoas se infectando, mesmo que de forma assintomát­ica e transmitin­do para o Aedes aegypti.

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