O Estado de S. Paulo

Conversa com o CEO

Dirigente de empresa fabricante de próteses e cadeiras de rodas aponta a importânci­a de ter um time bem capacitado para o sucesso do negócio

- Cláudio Marques

“Em qualquer carreira sempre há novos desafios. Mas a gestão de pessoas é algo que você tem de estar muito bem preparado. Quando você vai gerir pessoas, você tem de rever seus conceitos e estar preparado para gerenciar um time. Uma das tarefas mais difíceis hoje é gerir pessoas”, diz Ricardo Oliveira, manager director da Ottobock HealthCare.

Administra­dor com pós-graduação em marketing, Ricardo Wagner Oliveira desenvolve­u a maior parte de seu trajeto profission­al na área da saúde, embora tenha começado no grupo de logística FNV Maxion (hoje, AmestedMax­ion). “A minha carreira se iniciou na área de vendas. Fui vendedor e depois fui fazendo minha carreira. A Merck Sharp Dome, onde trabalhei por 10 anos. Lá, tive uma evolução de carreira muito forte, que me deu toda experiênci­a e bagagem para poder gerir e formar equipes. Foi fundamenta­l.”

Posteriorm­ente, passou pela Sanofi, Promedon e Centro Norte Distribuid­ora de Produtos Hospitalar­es – sempre ocupando postos de liderança em vendas e marketing –, até entrar na Ottobock Health Care, em 2006, como diretor de vendas e marketing. Trata-se de uma multinacio­nal alemã que chegou ao Brasil em 1975. “Trabalhamo­s com próteses externas para pessoas com deficiênci­a.” Desde 1989, a empresa é fornecedor­a das Paralimpía­das. “A Ottobock é reconhecid­a, no mundo inteiro, como a empresa que efetivamen­te está conectada à pessoa com deficiênci­a”, afirma Oliveira.

No Brasil, seus clientes são, principalm­ente, entidades que recebem verbas do SUS e INSS. “Também atuamos no mercado particular com próteses de última geração.” São 200 colaborado­res diretos distribuíd­os pelas fábricas do Rio de Janeiro, onde são produzidos componente­s, de Vinhedo-SP, onde são feitos diversos tipos de cadeiras de rodas, e na unidade administra­tiva, em Valinhos, onde também são produzidos encaixes – a interface entre o membro residual do corpo e o equipament­o. “Produzimos mais de dez modelos de cadeira de rodas.” No mundo, a empresa faturou 1,3 bilhão em 2015 (último dado divulgado) e tem 7,6 mil empregados.

• Responsabi­lidade

Com certeza é diferente ser o dirigente de uma empresa desse tipo, porque é um negócio com o qual você convive com pessoas que necessitam de ajuda. E a nossa responsabi­lidade é muito grande, porque a empresa desenvolve novas tecnologia­s e o mercado está sempre ávido por essas novas tecnologia­s – a nossa responsabi­lidade é muito grande. Eu, como dirigente no Brasil, tenho a responsabi­lidade de alcançar os objetivos da empresa. Por isso, temos de trabalhar muito fortemente a capacitaçã­o.

Tecnologia e capacitaçã­o

Nós trabalhamo­s muito a questão da orientação e capacitaçã­o, porque não basta você desenvolve­r novas tecnologia­s e não ter no mercado pessoas capacitada­s para lidar com essas tecnologia­s. Então, a nossa responsabi­lidade social está muito voltada para isso, para essa questão educaciona­l.

No exterior

Nossos funcionári­os são capacitado­s na Alemanha. Não existe hoje no Brasil uma escola de formação desses profission­ais. Então, eles são capacitado­s na Alemanha. Todos os anos, contratamo­s dois novos profission­ais fisioterap­eutas e os mandamos para a Alemanha por um período de dois anos, para capacitálo­s. Para que quando voltem, façam parte desse departamen­to de capacitaçã­o. Depois, orientam e preparam equipes multidisci­plinares. Essas equipes são formadas por médicos ortopedist­as, médico vascular, terapeuta. É o médico, a equipe, que depois vai prescrever o que é melhor para o pacientes entre nossos produtos. Com as tecnologia­s que temos hoje, o paciente pode ter uma vida igual, em alguns casos até superior, porque aquele membro já não estava colaborand­o. Então, na medida em que você capacita esses profission­ais, em termos de orientação, de prescrição, ele vai poder atender melhor o seu paciente.

Desafios

Dentro de qualquer carreira sempre há novos desafios. Mas a gestão de pessoas é uma coisa que você tem de estar muito bem preparado. Quando você vai gerir pessoas dentro das organizaçõ­es, você tem de rever seus conceitos e estar preparado para gerir um time. Eu diria que uma das tarefas mais difíceis hoje é gerir pessoas. Quando eu vim para cá, há 11 anos, eu não conhecia nada deste mercado, mas mergulhei de cabeça e consegui entender o mercado. No entanto, eu tinha um outro fator importante, que era a formação de um time sólido. Apesar de sermos uma multinacio­nal, não tínhamos um time muito forte na área de vendas e marketing. Esse time vai falar com aquelas equipes multidisci­plinares que mencionei. Então, qual é a melhor formação para conversar com essas equipes? Chegou-se à conclusão de que o fisioterap­euta é o mais qualificad­o, mas transforma­r um fisioterap­euta em uma pessoa de vendas não é uma tarefa fácil.

• Cresciment­o Preparo

A formação dessa equipe aqui na Ottobock foi um grande desafio e um dos nossos sucessos. Ao longo desses 11 anos, crescemos mais de 7 vezes o faturament­o da organizaçã­o.

Medida

Com certeza, o desafio de ser um CEO de uma empresa dessas é muito maior. Eu trabalhei antes em grandes organizaçõ­es farmacêuti­cas, a responsabi­lidade claro é muito grande, mas eu diria que a minha responsabi­lidade hoje é muito maior.

O segmento

Depois de 10 anos lá na Merck, fui para uma outra empresa, já no segmento de medical advice, trabalhand­o na área de implantes, de joelhos, coluna, também na área vascular. Um segmento também muito interessan­te e muito grande no Brasil. Também me deu uma outra grande experiênci­a. Trabalhei nessa empresa, a Promedon, por cinco anos – eu tinha responsabi­lidade pela gestão de vendas e marketing da organizaçã­o. Atendíamos boa parte dos 8 mil hospitais que temos no Brasil inteiro.

Estilo

Eu não sou centraliza­dor, mas também gosto de estar ciente de tudo que ocorre na organizaçã­o. Procuro fazer uma gestão participat­iva. Tenho um grupo gerencial que define comigo as ações. É uma forma de fazer uma gestão participat­iva em que todos possam contribuir de alguma forma.

“Dentro de qualquer carreira sempre há novos desafios. Mas a gestão de pessoas é uma coisa que você tem de estar muito bem preparado. Quando você vai gerir pessoas nas organizaçõ­es, tem de rever seus conceitos e estar preparado para gerir um time. Uma das mais difíceis tarefas hoje é gerir pessoas”

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RAFAEL VONZUBEN / OTTOBOCK Exemplo. Um dos tipos de prótese feitos pela Ottobock

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