O Estado de S. Paulo

ENTORNO MUDA E SE VALORIZA

Tendência é de aumento da movimentaç­ão e de busca da região por um público mais jovem

- Priscila Mengue

Da janela de seu apartament­o, a aposentada Sotiria Tassopoulo­us, de 71 anos, observa as transforma­ções no distrito de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, há 39 anos. “Aumentou muito (o número de prédios). Daqui, eu conseguia ver todo o Morumbi.”

Para ela, a inauguraçã­o da Estação Borba Gato, da Linha 5-Lilás, em setembro deste ano, também fez crescer o número de pedestres, o que ela espera que se intensifiq­ue com a conclusão de obras de edifícios residencia­is na região. “Não vejo a hora. Vai ter mais gente morando”, diz.

Segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), as zonas de valor das novas estações de Metrô (Brooklin, Chácara Santo Antônio e Santo Amaro) tiveram 13.701 apartament­os lançados entre 2014 e 2016, o que representa 17,9% do total da cidade no período. Um dos diretores da empresa, Reinaldo Fincatti, aponta que a abertura do uma estação resulta em uma valorizaçã­o de 10 a 30% nos imóveis do entorno.

O impacto pode atingir também aos imóveis antigos, já disponívei­s na região. Com um apartament­o aberto para locação desde setembro de 2016 no Jardim das Acácias, bairro do Brooklin, o auditor Miguel Sanchez, de 45 anos, começou a receber mais propostas após a abertura da estação e está prestes a fechar um contrato com um engenheiro, que vai dividir o imóvel com um amigo.

As novas estações estão localizada­s em uma “zona de valorizaçã­o contínua”, de acordo com definição do professor de Arquitetur­a e Urbanismo da Mackenzie, Antonio Claudio Fonseca. Professor de Arquitetur­a e Urbanismo da Universida­de de São Paulo (USP), João Meyer observa que “é uma região em que predominou mais uma ocupação de um padrão tipo família, em termos de prédios residencia­is. Com o metrô, aumenta o interesse de um público mais jovem e de famílias menores”.

Mais caro. Entre 2008 e 2016, o valor do metro quadrado dos lançamento­s no distrito do Brooklin cresceu 75%, alcançando R$ 12.649, de acordo o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi). O aumento está acima da média da capital, de 44,2% para o mesmo período, em valores corrigidos pela inflação.

Locatária de um apartament­o a uma quadra da Estação Brooklin, a cirurgiã dentista Fernanda Zanetti, de 23 anos, paga cerca de R$ 2.900 de aluguel. “Não acho (que vai aumentar), tenho certeza, mas aí não vou poder ficar. Com a crise, fica difícil.”

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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO–29/10/2017 Fluxo. Moradores já percebem maior número de pedestres; no Brooklin, metro quadrado fica 75% mais caro em 8 anos

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