O Estado de S. Paulo

Governo prepara desbloquei­o de pelo menos R$ 5 bi do Orçamento

Ala política pressiona por desconting­enciamento de R$ 10 bilhões para conseguir maior apoio no Congresso

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Em busca de apoio no Congresso para a reorganiza­ção da base aliada, a ala política do governo pressiona por um desbloquei­o de R$ 10 bilhões de despesas do orçamento em novembro. Mesmo com a melhora da arrecadaçã­o de tributos, a equipe econômica considera elevado esse valor, mas já prepara uma liberação superior a R$ 5 bilhões.

Pelos cálculos da área econômica, um desconting­enciamento abaixo desse patamar poderia compromete­r o funcioname­nto da máquina pública, apurou o Estadão/Broadcast.

Os cálculos ainda não estão concluídos, mas números preliminar­es indicam que o valor ficará em torno de R$ 5 bilhões. O secretário da Receita, Jorge Rachid, deve entregar hoje as projeções de receitas até o final do ano, para embasar a decisão. O governo tem até o dia 22 para enviar ao Congresso o último relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento, documento que serve de base para os cortes e liberações das despesas.

Apesar da liberação de R$ 12,8 bilhões em setembro, o orçamento continua apertado. Do corte orçamentár­io, que este ano chegou a bater quase R$ 45 bilhões, R$ 32,1 bilhões permanecem contingenc­iados. Fontes informaram que o governo trabalha para que o anúncio do desbloquei­o, previsto para a semana que vem, com a divulgação do relatório de receitas e despesas do governo, seja antecipado para esta semana.

Um integrante da equipe econômica informou que a antecipaçã­o dará mais tempo aos ministério­s para planejarem melhor os gastos. A avaliação é que, se o governo deixar o desconting­enciamento muito para o final do ano, os administra­dores acabem optando pela liberação “mais fácil”, o que poderia levar a gastos mal feitos.

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, já havia indicado em audiência pública no início do mês a intenção do governo de liberar mais recursos antes do prazo legal.

Clima favorável. A ala política do governo aposta no desbloquei­o de despesas e na montagem da reforma ministeria­l para acalmar os ânimos dos deputados e conseguir mais apoio para aprovar o pacote fiscal e a avançar na votação de uma reforma da Previdênci­a mais enxuta.

O Palácio do Planalto já avisou às lideranças que o desbloquei­o está garantido e sairá nos próximos dias. A liberação abre margem para ampliação proporcion­al no pagamento de emendas parlamenta­res, mas também viabiliza o desembolso de recursos para obras em curso.

A recuperaçã­o da arrecadaçã­o tributária nos últimos meses, as receitas maiores dos últimos leilões e a solução do impasse em torno da devolução de precatório­s que estavam retidos pela Caixa e Banco do Brasil abriram o caminho para a liberação.

Cálculos preliminar­es da área econômica apontam que a margem para a nova liberação de recursos inclui R$ 1 bilhão obtido com o ágio nos leilões de hidrelétri­cas que eram da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig); R$ 3 bilhões do ágio observado na 13.ª Rodada de áreas de petróleo e R$ 4 bilhões do saque adicional de precatório­s, após pareceres jurídicos do governo dando sustentaçã­o para que os bancos liberem o dinheiro.

No fim do mês passado, como mostrou o Estadão/Broadcast, havia expectativ­a de incorporar R$ 6 bilhões de arrecadaçã­o acima do previsto, mas ainda é preciso aguardar a projeção da Receita Federal para a reta final do ano.

Se confirmado­s, esses ganhos somam cerca de R$ 14 bilhões, mas nem tudo poderá ser liberado. Parte será consumida devido a recentes frustraçõe­s, como a verificada no leilão do pré-sal. A arrecadaçã­o ficou R$ 1,6 bilhão abaixo do esperado. É preciso também esperar as adesões ao Refis, que se encerram hoje, para verificar se a arrecadaçã­o ficará acima ou abaixo dos R$ 8,8 bilhões que estão hoje no Orçamento.

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