Moradia para longevidade
Envelhecimento da população abre o debate
Caderno especial
No Brasil, o primeiro passo para discutir e debater a qualidade de vida dos idosos foi dado. O Fórum de Moradia para a Longevidade, uma iniciativa do Estado em parceria com o Sindicato da Habitação (Secovi) e a Aging Free Fair, feira sobre o mercado para sêniors, reuniu em São Paulo os principais agentes que estão atuando nessa transformação que deve, nos próximos anos, mudar a paisagem urbana e também a forma de se relacionar com os mais velhos.
“Foi um verdadeiro marco para o que esperamos ser um novo nicho de mercado. Os modelos de empreendimento estão se profissionalizando nos últimos cinco anos. Mas até então, no Brasil, não houve uma reunião dos especialistas para debater os problemas, as soluções e as evoluções. Precisamos nos organizar. Os órgãos públicos não sabem como interpretar esse tipo de empreendimento. Eles não sabem se eles residenciais, hotéis, ou hospitais”, diz Caio Calfat Jacob, vice-presidente do Secovi-SP.
Novo mercado. As tendências para esse segmento foram abordadas por um time misto de palestrantes, que incluiu a esfera público e privada no debate. O segmento de moradia para sêniors pode ter várias vertentes, como explicou Edgar Werblowsky, criador da Aging Free Fair, durante a palestra que mostrou o avanço de algumas modalidades de habitação para a terceira idade já em funcionamento em países da Europa e também nos Estados Unidos.
As tendência que se apresenta como alternativa viável para atender a demanda latente dos mais velhos, que querem independência e privacidade, estão surgindo ainda de forma tímida no Brasil.
A arquiteta Laura Fitch traçou um panorama sobre o cohousing (vila comunitária que reúne espaços de compartilhamento de experiências). Responsável por implantar 30 empreendimentos com este formato nos Estados Unidos e países da Europa, a estudiosa, fundadora da Fitch Architecture & Community Design, ressaltou a importância da funcionalidade e da afetividade nas moradias compartilhadas. “Uma pessoa idosa tem muita sabedoria e no cohousing isso é bastante valorizado”. Sérgio Mühlen, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou sobre o Vila ConViver, projeto de cohousing previsto para ser construído no subúrbio de Campinas nos próximos anos.
Iniciativas. Os custos de habitações funcionais são o principal gargalo do Brasil. O déficit de moradias é alto nas capitais do País. O secretário estadual de Habitação de São Paulo, Rodrigo Garcia, o secretário municipal de Habitação, Fernando Chucre, e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, apresentaram exemplos de projetos populares voltados para o público sênior - a exemplo do Condomínio Cidade Madura, na Paraíba.
Henrique Noya, do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e Patricia Beber, do Kantar Worldpanel e Ricardo Sousa, da Brazil Senior Living, falaram sobre o potencial de crescimento desse atrativo mercado que começa a se organizar por aqui.
Trata-se de diferentes modelos de empreendimento, para bolsos variados, que têm em comum facilidades como assistência médica em tempo integral, espaços para lazer e atividades culturais, além de promover o convívio entre os moradores.
Nos Estados Unidos o cohousing ganhou força depois da crise de 2008. Paramos de pensar no ‘eu quero’ e focamos no ‘eu preciso’ Laura Fitch, ESPECIALISTA EM COHOUSING Os projetos para idosos precisam de adaptações e não podem ser implementados em todos os locais, por causa da acessibilidade principalmente Fernando Chucre, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE SP Se olharmos para hoje, quem tem maior renda per capita no Brasil são os chamados maduros independentes, acima dos 60 anos de idade Patricia Beber, DA KANTAR WORLDPANEL